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Papa critica países "nacionalistas que constroem muros"

15.set.2018 - Papa Francisco durante encontro com jovens em Palermo - Andreas Solaro/AFP
15.set.2018 - Papa Francisco durante encontro com jovens em Palermo Imagem: Andreas Solaro/AFP

02/05/2019 11h36

O papa Francisco fez uma dura crítica hoje a países e governos que promovem o nacionalismo, o racismo, o antissemitismo e a xenofobia. Em discurso para a Pontifícia Academia das Ciências Sociais, o argentino Jorge Mario Bergoglio disse que "a Igreja sempre defendeu o amor ao próprio, ao povo, à pátria, ao respeito do tesouro de várias expressões culturais, usos e costumes".

Por isso, "adverte as pessoas, povos e governos sobre os desvios deste caminho quando fala de exclusão, do nacionalismo conflituoso que constrói muros, do racismo e do antissemitismo".

"Vimos muitas situações em que Estados nacionais atuam em suas relações com um espírito de oposição em vez de cooperação", criticou. "E foi constatado que as fronteiras dos Estados nem sempre coincidem com as demarcações de populações homogêneas".

"Muitas tensões provêm de uma excessiva reivindicação de soberania por parte destes Estados", observou o líder católico. Francisco também renovou seu pedido para que os países acolham imigrantes e refugiados, um dos temas que mais dedica o seu pontificado.

"A maneira que uma nação acolhe os imigrantes revela sua visão de dignidade humana e de sua relação com a humanidade. Qualquer pessoa humana é membro da humanidade e tem as mesma dignidade.".

"Quando uma pessoa ou uma família é obrigada a deixar a própria terra, precisa ser acolhida com humanidade", exaltou. "Disse várias vezes que as nossas obrigações em relação aos imigrantes se baseiam em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar", afirmou o Papa, ressaltando que "o imigrante não é uma ameaça à cultura, aos costumes e aos valores da nação que o acolhe".

Francisco também relembrou que, tanto em sua encíclica "Laudato Sí" quanto no discurso anual ao Corpo Diplomático, enumerou vários desafios que a humanidade tem em comum, como o desenvolvimento integral, a paz, as mudanças climáticas, a pobreza, as guerras, as migrações, o tráfico de órgãos e as novas formas de escravidão.

Segundo ele, o mundo vive hoje momentos de tensão que podem levar a guerras nucleares e a um novo Holocausto.