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Conte diz nunca ter falado com Trump sobre 'Russiagate'

23/10/2019 15h26

ROMA, 23 OUT (ANSA) - O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, concedeu nesta quarta-feira (23) um depoimento de duas horas e meia ao Comitê Parlamentar para a Segurança da República (Copasir), órgão que fiscaliza os serviços secretos, sobre uma possível ajuda aos Estados Unidos em um inquérito que poderia ter repercussões nas eleições para a Casa Branca em 2020.   

Segundo a imprensa americana, órgãos de inteligência italianos entregaram ao procurador-geral dos EUA, William Barr, o registro de um depoimento do acadêmico Joseph Mifsud, suposto espião da Rússia que teria dado o pontapé inicial na investigação sobre as interferências de Moscou nas eleições americanas de 2016.   

Além disso, de acordo com o site Daily Beast, Mifsud, que era professor convidado em uma universidade de Roma e está desaparecido desde 2017, pediu proteção à Itália. Segundo o mesmo portal, o governo italiano teria dado a Barr "provas" sobre o acadêmico. O procurador-geral americano esteve na Itália no fim de setembro, junto com o promotor que investiga as origens do "Russiagate", John Durham.   

Depoimento - Conte chegou ao Copasir, em Roma, pouco antes das 15h30 (horário local) e só saiu por volta de 18h. Em coletiva de imprensa, o primeiro-ministro disse que compareceu ao órgão voluntariamente e que se tratou de uma audiência "ordinária". No depoimento, Conte admitiu que o governo dos EUA pedira informações à Itália em julho passado, mas disse nunca ter discutido o "Russiagate" com Trump. "O objetivo de Barr [ao pedir informações à Itália] era verificar o modus operandi da inteligência americana. A solicitação ocorreu com o pressuposto de que a atuação das autoridades italianas não seria colocada em discussão", afirmou.   

Segundo Conte, ele "nunca" falou com o procurador-geral dos EUA sobre qualquer assunto.   

O caso - De acordo com o relatório do procurador especial do "caso Rússia", Robert Mueller, Mifsud ofereceu a George Papadopoulos, ex-conselheiro da campanha de Trump, em 2016, materiais comprometedores contra a então candidata à Presidência Hillary Clinton obtidos por Moscou.   

Funcionários australianos teriam obtido essa informação com Papadopoulos e denunciado o caso às autoridades americanas, dando início ao inquérito do FBI sobre a interferência de Moscou na última eleição.   

O "caso Rússia" assombra Trump desde o início de seu mandato e culminou em um relatório de Mueller que cita indícios de obstrução de Justiça por parte do presidente, embora o inocente da suspeita de conspiração com Moscou.   

Agora o objetivo de Trump é desvendar o caminho que levou à explosão do escândalo. (ANSA)
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