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Embaixador confirma 'toma lá, da cá' entre Trump e Ucrânia

21/11/2019 19h33

WASHINGTON, 21 NOV (ANSA) - Uma testemunha-chave no inquérito de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu nesta quarta-feira (20) que houve uma "troca de favores" com a Ucrânia, mas negou que o magnata tenha condicionado explicitamente a liberação de uma ajuda militar à abertura de uma investigação contra seu oponente Joe Biden.   

Gordon Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia, depôs em uma audiência pública da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, em um dos momentos mais aguardados do inquérito de impeachment.   

"Se houve quid pro quo [expressão latina que significa 'uma coisa por outra']? A resposta é sim", disse Sondland ao ser questionado sobre o assunto. A declaração desmente Trump, que sempre negou ter havido um "toma lá, dá cá" em sua relação com a Ucrânia. O presidente é investigado por suspeita de abuso de poder ao ter pressionado o mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky, a abrir um inquérito contra Joe Biden, seu possível adversário na eleição de 2020.   

Depoimentos dados por diplomatas e ex-funcionários da Casa Branca indicam que o governo condicionou a liberação de uma ajuda militar de quase US$ 400 milhões à abertura de uma investigação contra Biden, cujo filho, Hunter, havia sido conselheiro de uma empresa ucraniana de gás, a Burisma.   

"O presidente Donald Trump nunca me disse diretamente que a ajuda militar a Kiev fosse subordinada [ao inquérito contra Biden]", declarou Sondland, acrescentando, contudo, "que estava claro para todos que havia uma ligação" entre as duas coisas.   

O embaixador disse ter chegado a essa conclusão com base em deduções, partindo do princípio de que "dois mais dois são quatro". "O depoimento de Sondland exonera completamente o presidente Trump", afirmou a Casa Branca. Já o mandatário chamou o testemunho de "fantástico".   

Sondland foi nomeado embaixador pelo próprio republicano e contribuiu para sua campanha eleitoral em 2016. Inicialmente, em depoimentos a portas fechadas, ele havia negado um "toma lá, dá cá" entre Trump e Zelensky, mas, com o desenrolar do inquérito, retificou seu testemunho e admitiu o "quid pro quo".   

Apesar de a Casa Branca ter comemorado o depoimento desta quarta, Sondland disse ter pressionado Kiev em parceria com Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Trump, e sob "ordens expressas do presidente".   

O inquérito de impeachment faz nesta quinta-feira (21) seu quinto dia de audiências públicas, com o depoimento de Fiona Hill, ex-integrante do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca e especialista em Rússia.   

O objetivo do Partido Democrata, que comanda a Câmara, é concluir a investigação em dezembro. Se a Casa aprovar a acusação contra o presidente, o processo passa para o Senado, dominado pelos republicanos e a quem cabe fazer o julgamento final. (ANSA)
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