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Reforma de tratado da UE gera acusações de traição na Itália

22/11/2019 16h54

ROMA, 22 NOV (ANSA) - O ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini insinuou nesta sexta-feira (22) que o premier Giuseppe Conte, seu ex-aliado no governo, cometeu "traição" e poderia ser punido com a prisão.   

O caso diz respeito às negociações para a reforma do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES), fundo da União Europeia responsável por ajudar países em crise na zona do euro.   

A polêmica surgiu de forma inesperada e adquiriu tons surpreendentes até mesmo para a agitada política italiana, já que não se sabe exatamente quais aspectos do novo MES podem ser prejudiciais ao país.   

"Não gostaria que Conte tivesse vendido nossa soberania para manter o cargo. Se foi assim, então estaremos frente a uma alta traição. E, na paz e na guerra, é um crime passível de prisão", disse Salvini à emissora Rai, sem entrar em detalhes.   

As negociações para a reforma do mecanismo ocorrem há mais de um ano, e Salvini alega que o aval ao novo texto seria a "ruína para milhões de italianos e o fim da soberania nacional". Parte do Movimento 5 Estrelas (M5S), partido populista que indicou Conte para o governo, também cobrou explicações sobre o assunto.   

Os princípios da reforma foram aprovados pelos líderes europeus em dezembro de 2018, quando Salvini estava no poder em aliança com o M5S. Outro aval foi dado em junho de 2019, pelos ministros da Economia da zona do euro, também no primeiro governo Conte. Em entrevista na última quarta (20), o primeiro-ministro acusou Salvini de suscitar um "delírio coletivo". "Descobrimos que existe uma negociação que está em curso há um ano. O delírio coletivo foi suscitado pelo líder da oposição, o mesmo que, alguns meses atrás, participava de mesas discutindo o MES", ironizou.   

O texto final será analisado pelo Conselho Europeu em dezembro, mas ainda terá de ser ratificado por todos os Parlamentos nacionais. O Mecanismo Europeu de Estabilidade é o principal instrumento da UE para ajudar Estados que não conseguem mais pagar suas dívidas, já que os membros da zona do euro não podem imprimir dinheiro.   

Entre as mudanças estudadas por Bruxelas estão a introdução de um fundo de liquidez para ajudar bancos em dificuldade e um mecanismo que permita que os Estados-membros peçam auxílio sem se comprometer com reformas de austeridade rígidas. (ANSA)
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