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Criado há 2 meses, movimento das 'sardinhas' mostra força

27/01/2020 10h21

ROMA E BOLONHA, 27 JAN (ANSA) - Até meados de novembro, sardinha era apenas uma espécie de peixe bastante popular em boa parte do mundo. Mas a sempre dinâmica política italiana conseguiu transformar esse nome em um movimento cívico que se mostrou capaz de influenciar até resultados eleitorais.   

Após uma intensa campanha, a esquerda conseguiu se manter no poder na Emilia-Romagna, um dos bastiões "vermelhos" da Itália e que foi às urnas no último domingo (26), e reconheceu o papel determinante das "sardinhas" no desfecho da votação.   

A eleição regional havia sido transformada em uma disputa nacional pelo ex-ministro do Interior Matteo Salvini (Liga), que tentava eleger sua candidata a governadora, Lucia Borgonzoni, para conquistar um histórico território da esquerda e abalar os alicerces que sustentam o primeiro-ministro Giuseppe Conte.   

Com a ajuda das "sardinhas", no entanto, o governador Stefano Bonaccini, do Partido Democrático (PD), alcançou 51,42% dos votos, contra 43,6% de Borgonzoni, e se reelegeu para mais cinco anos de mandato.   

"Sem a mobilização da sociedade, o PD não teria vencido", reconheceu o vice-secretário do partido, Andrea Orlando, ao responder sobre a importância do movimento para a vitória de Bonaccini. O líder do PD, Nicola Zingaretti, manteve o tom. "Um imenso obrigado às sardinhas", declarou.   

Criado por quatro cidadãos na faixa dos 30 anos de idade, o grupo surgiu com o objetivo de evitar um triunfo da extrema direita na Emilia-Romagna e interromper a sequência de vitórias de Salvini em eleições regionais por toda a Itália.   

Seu primeiro flash mob, em 14 de novembro, pretendia reunir 6 mil pessoas "espremidas como sardinhas" em uma praça de Bolonha, mas atraiu 13 mil. Desde então, o movimento se espalhou pela região e por outras partes do país.   

As "sardinhas" se dizem apartidárias e garantem que não pretendem se tornar uma legenda política, mas têm viés abertamente progressista e defendem a revogação das normas antimigrantes criadas por Salvini em seu período como ministro do Interior (2018-2019).   

O próximo passo do grupo é um congresso nacional marcado para 8 de março, quando os membros discutirão a abordagem nas outras eleições regionais que a Itália terá no primeiro semestre. "É hora de fechar as cortinas e trabalhar nos bastidores para preparar um novo espetáculo com todos vocês que não querem ser expectadores comuns", diz uma mensagem postada pelo movimento no Facebook.   

Entre maio e junho de 2020, seis regiões da Itália irão às urnas: Campânia, Ligúria, Marcas, Puglia, Toscana e Vêneto.   

(ANSA)
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