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Renzi ameaça retirar apoio ao governo da Itália

30/04/2020 12h12

ROMA, 30 ABR (ANSA) - O senador e ex-primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi deu um ultimato ao governo nesta quinta-feira (30) e ameaçou retirar seu apoio ao premiê Giuseppe Conte se ele não acelerar o cronograma de reabertura das atividades econômicas e sociais no país.   

Em discurso no Senado, Renzi disse lançar um "último apelo" a Conte e o elogiou por sua postura no início da pandemia, mas cobrou mais agressividade na chamada "fase 2" da emergência sanitária.   

"[Conte] Foi bem ao tranquilizar os italianos, foi muito bem.   

Mas o ponto é que, na fase 2 da política, não basta jogar com o medo e a preocupação. Há uma reconstrução a ser feita e que exigirá escolhas corajosas. Dê uma olhada nos dados do Istat, ou nós não estaremos do seu lado", declarou Renzi, que governou de 2014 a 2016 e é líder do partido de centro Itália Viva (IV).   

Seu discurso faz referência aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (Istat) nesta quinta-feira, que mostram uma queda de 4,7% no produto interno bruto (PIB) nacional no primeiro trimestre, pior resultado desde o início das medições trimestrais, em 1995.   

"Se [Conte] escolher o caminho do populismo, não terá o Itália Viva a seu lado", disse Renzi, acrescentando que os italianos estão em um "estado que lembra a prisão domiciliar". Em discurso no último fim de semana, o primeiro-ministro anunciou que prorrogará a maior parte das restrições à circulação, permitindo deslocamentos apenas dentro da própria região e por motivos de saúde, trabalho ou necessidade.   

A principal flexibilização será a liberação de visitas a parentes ou relações afetivas, desde que respeitadas normas de distanciamento físico e de higiene. A partir de 4 de maio, também serão autorizadas a reabertura de parques e a prática de atividades esportivas longe da própria casa, bem como sessões de treinamento de atletas profissionais em modalidades individuais.   

Os treinos de esportes coletivos devem voltar apenas em 18 de maio. No campo produtivo, o governo reabrirá na próxima segunda-feira (4) os setores de manufatura, construção civil e o comércio por atacado necessário para essas duas atividades.   

Já o varejo iniciará a reabertura em 18 de maio, bem como museus e bibliotecas. Restaurantes funcionarão apenas com serviços de comida para viagem, e Conte cogita relaxar as regras para o setor em 1º de junho. As escolas, no entanto, reabrirão apenas em setembro, no início do próximo ano letivo.   

"Não queremos um paternalismo populista ou uma visão que exclua a política. Ninguém pediu para reabrir tudo, mas pedimos reaberturas graduais e proporcionais", declarou Renzi, sem dizer quais setores ele gostaria de ver funcionando a partir da semana que vem.   

Sem o apoio do Itália Viva, Conte, que está em seu segundo mandato, perderia a maioria no Senado e teria de renunciar ao cargo que ocupa desde junho de 2018. Questionado por jornalistas após o discurso de Renzi, o primeiro-ministro negou que seu antecessor tenha feito um "ultimato".   

"Renzi pediu para fazermos política? É isso que estamos fazendo, então não tem nenhum ultimato", declarou, acrescentando que sua maioria parlamentar continua existindo. (ANSA)
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