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Crise deve ajudar a 'redesenhar Itália', diz premier

03/06/2020 14h04

ROMA, 03 JUN (ANSA) - O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, fez um pronunciamento nesta quarta-feira (03) e pediu que esse momento de crise por conta da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) seja um ponto de mudança para o país.   

"Essa crise deve ser uma ocasião para superar os problemas estruturais e redesenhar o país. E a distância de cerca de um mês do dia 4 de maio [quando foi encerrado o lockdown], posso dizer com relativa prudência, mas com clareza, que os dados são encorajadores", disse ao abrir seu discurso.   

Segundo Conte, no entanto, é preciso que as pessoas continuem mantendo as medidas sanitárias necessárias como o distanciamento físico e o uso de máscaras para manter a curva da Covid-19 na decrescente. "Acolho um renovado entusiasmo, há grande atenção pelo reencontro da socialização. Justíssimo, merecemos o sorriso e a alegria depois de semanas de sacrifícios. Mas, é bom relembrar sempre que, se somos um dos primeiros países europeus que se permitem a recomeçar as atividades, é porque aceitamos todos juntos a obrigação dos sacrifícios. Digo apenas: prestemos atenção", ressaltou.   

Desde 4 de maio, o governo italiano vem liberando gradualmente serviços e setores econômicos para a reabertura após os números da pandemia estarem sob controle em todo o território. E, mesmo com a maior circulação de pessoas, os dados da Defesa Civil mostram que o país está conseguindo manter a curva de contágios em níveis aceitáveis.   

Ao falar sobre a retomada, que nesta quarta-feira teve uma das principais medidas anunciadas com a liberação da circulação entre as regiões italianas, Conte pediu que o foco seja se concentrar na "marca Itália" no mundo. "Em todos esses meses, a beleza da Itália nunca entrou em quarentena", disse aos presentes.   

O premier também cobrou mudanças legislativas e disse que conversará com os líderes de todos os partidos políticos e grupos sociais para debater as alterações necessárias - mas pediu que os parlamentares se envolvam e aprovem as leis que já estão em debate no Parlamento.   

"Precisamos fazer as contas com a emergência econômica e social.   

Nós percebemos os atrasos, nós percebemos que estamos lidando com uma legislação que não estava pronta para fazer esses desembolsos tão generalizados. Para os atrasos, eu já pedi desculpas e estamos trabalhando para pagar mais rapidamente os bônus e os pagamentos sociais", disse o primeiro-ministro ao falar sobre os problemas iniciais para ajudar empresas e pessoas durante a fase mais aguda da pandemia.   

Conte ainda afirmou que seu foco será na reforma fiscal, já que a última foi "feita há 50 anos", e que buscará uma "real progressividade conjugando a luta à recuperação de recursos para todos os contribuintes". - União Europeia: Conte dispensou boa parte de seu discurso para falar sobre os possíveis empréstimos e também sobre as discussões financeiras que estão em curso com a União Europeia.   

"Nós temos uma ocasião histórica: a Comissão Europeia, também graças ao apoio da Itália, colocou na mesa uma proposta. Nós precisamos colher essa oportunidade e saber gastar bem o dinheiro. Com o projeto de gastos, que saberemos realizar, será medida a credibilidade não apenas do governo, mas do sistema Itália", ressaltou.   

O primeiro-ministro referia-se ao projeto da Comissão Europeia que prevê um fundo de 750 bilhões de euros para socorrer os Estados-membros por conta da pandemia de Covid-19. O documento ainda precisa ser debatido pelo Conselho Europeu.   

Conte afirmou que o governo precisa "trabalhar melhor" para apoiar as empresas italianas, bem como garantir a inclusão e combater as desigualdades no país como uma das obrigações do novo plano europeu. "É um projeto exigente, mas o dinheiro que a UE colocará à disposição da Itália não pode ser considerado um tesouro disponível para o governo em andamento. Será um recurso a favor do sistema país, que o governo só cuida", ressaltou.   

Roma ainda está trabalhando para antecipar os recursos, que apesar de causarem "choque" por serem muito altos, são extremamente necessários para a recuperação da Itália. (ANSA)
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