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Italiana libertada na Somália fala pela 1ªvez sobre sequestro

06/07/2020 15h47

ROMA, 6 JUL (ANSA) - A voluntária italiana Silvia Romano, libertada em maio após ter passado mais de 17 meses sequestrada na África Oriental, falou pela primeira vez nesta segunda-feira (6) sobre a vida no cativeiro e sua conversão ao Islã. Durante entrevista ao editor do jornal online La Luce, Davide Piccardo, um dos principais expoentes da comunidade islâmica da Lombardia, Romano, 24 anos, afirmou que, durante o tempo em que ficou longe de casa, estava desesperada e a fé islâmica a ajudou a aceitar seu destino.   

"Eu estava desesperada porque, apesar de algumas distrações, como estudar árabe, vivia com medo da incerteza do meu destino.   

Mas quanto mais o tempo passava, mais eu sentia em meu coração que apenas Ele poderia me ajudar e ele estava me mostrando como a fé tem graus diferentes", explicou a italiana. Segundo a voluntária, depois de aceitar a fé islâmica, olhou para o seu destino com serenidade na alma. De volta a sua cidade natal, Romano, que divide o apartamento com sua mãe e irmã, em Casoretto, também contou como é viver hoje com o véu, o que ela classifica como "um símbolo de liberdade". "Quando ando por aí, sinto os olhos das pessoas em mim, não sei se elas me reconhecem ou se simplesmente olham para mim em busca do véu. Mas isso não me incomoda particularmente".   

Para a italiana, o uso da vestimenta deixa sua "alma livre e protegida por Deus". "Para mim, meu véu é um símbolo de liberdade. Eu acho que o fato de eu ser italiana e estar vestida assim é impressionante no metrô ou no ônibus, mas sinto por dentro que Deus me pede para usar o véu para aumentar minha dignidade e minha honra, porque, ao cobrir meu corpo, sei que uma pessoa será capaz de ver minha alma", ressaltou. Por fim, a voluntária falou que havia escolhido viajar para a África porque sentiu a necessidade de se envolver ajudando o outro de forma concreta. "A ideia de continuar estudando e ficar aqui não me convinha, eu queria ter uma experiência real, crescer e ajudar os outros".   

A jovem era voluntária da ONG África Milele e havia sido raptada em 20 de novembro de 2018, quando um comando armado invadiu o vilarejo de Chakama, no litoral do Quênia, onde ela vivia.   

Ninguém nunca reivindicou o sequestro, mas a principal suspeita sempre recaiu sobre terroristas somalis ligados ao grupo jihadista Al Shabab. Romano foi resgatada nos arredores de Mogadíscio, em uma operação conduzida pelos serviços de inteligência da Itália, da Somália e da Turquia. (ANSA)
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