Topo

Última música de Morricone homenageia vítimas de desabamento

06/07/2020 10h14

GÊNOVA, 06 JUL (ANSA) - A última composição deixada pelo maestro italiano Ennio Morricone, que morreu nesta segunda-feira (6), aos 91 anos de idade, é uma música de orquestra dedicada às 43 vítimas do desabamento da Ponte Morandi, ocorrido em agosto de 2018, em Gênova.


A composição se chama "Tante Pietre a Ricordare" ("Muitas Pedras para Lembrar", em tradução livre) e será executada na noite anterior à inauguração da nova ponte, prevista para o fim de julho, pela Orquestra do Teatro Carlo Felice, de Gênova.


A música tem quatro minutos de duração e é a última partitura concluída pelo maestro, que é autor de inesquecíveis trilhas sonoras para o cinema e vencedor de duas estatuetas no Oscar, incluindo uma pelo conjunto de sua obra.


O músico e compositor faleceu em uma clínica de Roma, capital da Itália, devido às consequências de uma queda. A família anunciou que o funeral será fechado ao público, "no respeito ao sentimento de humildade que sempre inspirou os atos de sua existência".


Trajetória - Nascido no dia 10 de novembro de 1928, em Roma, Ennio Morricone criou mais de 500 melodias para o cinema e a televisão, e suas grandes paixões eram a música sinfônica e a experimentação.


Filho de trompetista e formado no Conservatório de Santa Cecilia, uma das escolas de música mais renomadas da Itália, ele faz parte do restrito panteão dos grandes maestros da história do cinema, como confirmam a estrela na Calçada da Fama de Hollywood e os dois prêmios no Oscar: um em 2007, pelo conjunto de sua obra, e outro em 2016, pela trilha sonora original de "Os Oito Odiados", de Quentin Tarantino, um de seus maiores fãs.


Além disso, foi indicado outras cinco vezes: por "Cinzas no Paraíso", em 1979, "A Missão", em 1987, "Os Intocáveis", em 1988, "Bugsy", em 1992, e "Malèna", em 2001.


Outros grandes trabalhos de Morricone são as trilhas originais de "Por um Punhado de Dólares" (1964), "Cinema Paradiso" (1988) e "Bastardos Inglórios" (2009).


Ao relatar sua grande capacidade de trabalhar com o cinema, o maestro explicou certa vez que gostava de ter liberdade. "Há diretores que pedem coisas razoáveis e, neste caso, eu os ouço.


Mas, depois, coloco minha assinatura, a minha atenção criativa.


Essa aceitação dos pedidos dos diretores não é passiva." Segundo Morricone, a trilha sonora, antes de agradar ao diretor e ao público, precisava agradar a ele próprio. "Eu devo ficar contente antes do cineasta. Não posso trair minha música", dizia.


O maestro italiano também conquistou três prêmios no Globo de Ouro, seis no Bafta e 10 no David di Donatello, o "Oscar" do cinema italiano. (ANSA)

Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.