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Médicos italianos separam gêmeas siamesas unidas pela cabeça

07/07/2020 11h37

ROMA, 07 JUL (ANSA) - Médicos italianos realizaram com sucesso a separação de gêmeas siamesas unidas pela cabeça, informou nesta terça-feira (07) o hospital Bambino Gesù, de Roma. Ervina e Prefina completaram dois anos no último dia 29 e estão internadas no Departamento de Neurocirurgia do hospital.   

Segundo os médicos, as meninas nascidas na República Centro-Africana eram ligadas pela nuca, com o crânio e grande parte do sistema nervoso e vascular em comum. Essa é a primeira cirurgia do tipo na Itália e uma das mais complexas já realizadas no mundo.   

"Nós gerimos uma situação rara no contexto de uma má-formação por si só muito rara. A peculiaridade aqui era dada pelo ponto de contato no crânio, que envolvia importantes estruturas venosas. Mas, nosso hospital tem uma escola de cirurgia sobre gêmeos siameses e essa intervenção é uma evolução dos outros casos tratados", destacou o responsável pelo Departamento, Carlo Marras. As meninas passaram por um ano de preparação e foram submetidas a três procedimentos cirúrgicos considerados muito delicados. A separação final foi realizada no dia 5 de junho, em uma operação de 18 horas. Agora, há pouco mais de um mês da última intervenção, os médicos consideram a recuperação de ambos muito boa. Durante a coletiva de imprensa, a presidente do Bambino Gesù, Mariella Enoc, contou que conheceu o caso das meninas durante uma missão no país africano em julho de 2018. Após os trâmites, Ervina e Prefina foram levadas para Roma em setembro do mesmo ano para que tivessem melhores chances de sobrevivência.   

Com isso, formou-se um grupo multidisciplinar para o estudo e para a preparação do plano detalhado da cirurgia, usando o que há de mais avançado na medicina, reconstruindo até mesmo em 3D o formato do crânio das meninas.   

A fase mais difícil do plano - e depois das cirurgias - foi a questão da rede de vasos sanguíneos cerebrais compartilhada em diversos pontos. Por isso, os especialistas optaram por fazer o procedimento em três partes para reconstruir dois sistemas venosos independentes, com capacidade para levar a quantidade de sangue correta entre o cérebro e o coração.   

A primeira cirurgia foi realizada em maio de 2019, a segunda em junho do ano passado e a terceira agora no dia 5 de junho. Na sala operatória, estavam presentes cerca de 30 profissionais entre médicos, cirurgiões e enfermeiros.   

Apesar de ainda existir o risco de infecção, considerado normal para pacientes que foram submetidos a uma situação tão grave, os controles pós-operatórios mostram que o cérebro está íntegro e o sistema recriado está funcionando. Com isso, elas poderão ter uma vida normal assim que saírem do hospital. (ANSA)
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