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Corpo de pessoa está há 15 dias à deriva no Mediterrâneo

16/07/2020 09h28

ROMA, 16 JUL (ANSA) - Em mais um episódio da crise migratória no Mediterrâneo, o corpo de uma pessoa não identificada completou 15 dias à deriva no mar, apesar dos recorrentes apelos de entidades humanitárias para resgatá-lo.   

As primeiras imagens do cadáver, que está preso no que sobrou de um bote inflável, foram feitas pelo avião de monitoramento Seabird, da ONG Sea Watch, em 29 de junho.   

"Ontem, em sua primeira missão, o Seabird avistou na área de resgate líbia aquilo que nunca gostaríamos de lhes mostrar: o corpo sem nome de uma pessoa nos restos de um bote semiafundado e do qual não sabemos nada", diz uma mensagem postada pela ONG no Twitter no dia seguinte.   

Desde então, o avião já avistou o cadáver quatro vezes, mas ele continua à deriva no Mediterrâneo. "Um corpo no mar há duas semanas na costa da Líbia. Ninguém quer dar a ele uma sepultura", lamentou a Cáritas, organização beneficente da Igreja Católica.   

A hipótese é de que a pessoa tenha morrido em uma das "viagens da morte" de migrantes e refugiados em barcos e botes superlotados. A região do Mediterrâneo Central, entre Líbia e Itália, tem tido uma intensificação dos fluxos migratórios nas últimas semanas, coincidindo com o início do verão no Hemisfério Norte, quando o mar fica mais calmo.   

2020 - O número de migrantes forçados que cruzam o Mediterrâneo rumo à Itália vinha caindo desde 2017, quando o governo de Paolo Gentiloni, de centro-esquerda, assinou um acordo para treinar, equipar e financiar a Guarda Costeira da Líbia para conter os fluxos na região.   

Em 2016, o país europeu acolheu 181,4 mil deslocados internacionais via Mediterrâneo, cifra que baixou para 119,4 mil no ano seguinte e 23,4 mil em 2018, quando o líder de extrema direita Matteo Salvini assumiu o Ministério do Interior e endureceu as políticas migratórias.   

Em 2019, cerca de 11,5 mil migrantes concluíram a travessia, de acordo com dados do Ministério do Interior. No entanto, as estatísticas oficiais mostram que a cifra voltou a subir neste ano: a Itália contabiliza a chegada de 9.771 deslocados internacionais em 2020, um aumento de 206% na comparação com o mesmo período do ano passado.   

Além disso, o acordo da Itália com a Guarda Costeira da Líbia é alvo de críticas de entidades humanitárias, já que o chamado "governo de união nacional" controla apenas a porção ocidental do país africano e é acusado de violar os direitos humanos de migrantes e refugiados em suas prisões. (ANSA)
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