Militares armam motim e prendem primeiro-ministro e presidente do Mali
O primeiro-ministro do Mali, Boubou Cissè, e o presidente Ibrahim Bubacar Keita foram presos hoje por militares que se amotinaram, informou o líder do grupo à imprensa local. Desde a manhã, diversos motins foram registrados e há informações de um golpe de Estado em curso. A situação ainda é bastante confusa.
"O presidente e o primeiro-ministro estão sob nosso controle", disse o representante acrescentando que as prisões ocorreram na casa de Keita, na capital Bamako.
Um outro funcionário do Exército informou que eles estão sendo levados em um carro blindado para Kati, onde está localizado o quartel que lidera o motim.
Mais cedo, um médico local informou à agência francesa AFP que "soldados furiosos pegaram em armas no acampamento de Kati e atiraram para o ar, e eles estavam muito nervosos". Mas, a razão do "nervosismo" não está clara. Há testemunhas que falam em problemas no pagamento dos salários, porém o governo não confirma a notícia.
Após os rumores de motins, Cissè emitiu um comunicado oficial na manhã desta terça-feira pedindo que os militares "silenciem as armas" e se unam em um "diálogo fraterno para dissipar mal-entendidos".
Golpe no Mali: militares amotinados prendem primeiro-ministro e presidente
Pouco depois, a Comunidade dos Estados da África Ocidental (Cedeao) — responsável por intermediar as conversas entre os expoentes internos do Mali, bem como com governos internacionais desde o golpe de Estado de 2012 — emitiu também uma nota dizendo que acompanhava com "grande preocupação" a situação nesta terça-feira, que já surgiu "em um contexto social e político já muito complexo".
A entidade pediu para que os militares voltassem aos seus quartéis para acalmar os ânimos e que é contrária "a qualquer mudança política inconstitucional".
Os governos dos Estados Unidos e da França, através de diplomatas, informaram que também acompanham com "preocupação" a situação no Mali e que não apoiam nenhum tipo de ação inconstitucional.
Crise política
Há dois meses, o Mali está vivenciando um período de grave crise política, com protestos diários contra Keita e seu governo.
A oposição, reunida sob o Movimento 5 de Junho, cobra a renúncia do mandatário e tem uma grande presença de militares que, assim como aconteceu no golpe de 2012, está insatisfeita com as medidas tomadas pelo atual mandatário.
No entanto, até mesmo entre os membros do Movimento houve um "racha" no último mês, após uma das manifestações ter terminado com 11 pessoas mortas durante os atos.
No golpe de 2012, o quartel de Kati também foi o local do motim que derrubou o então presidente Amadou Toumani Touri.
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