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China e Vaticano renovam acordo de nomeação de bispos até 2022

22/10/2020 08h16

CIDADE DO VATICANO, 22 OUT (ANSA) - A China confirmou nesta quinta-feira (22) que o acordo com o Vaticano sobre a nomeação de bispos e arcebispos no país foi renovado por mais dois anos.   

A notícia vem um dia após o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, também ter informado sobre o entendimento.   

"Em 22 de outubro, após conversas amigáveis, China e Vaticano decidiram estender o acordo preliminar por mais dois anos.   

Permaneceremos em estreita colaboração e comunicação para melhorar continuamente as nossas relações", informou um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian.   

Após a confirmação oficial do governo chinês, o Vaticano também emitiu uma nota formal publicada no "Osservatore Romano" sobre a extensão do acordo, definindo o pacto como "de fundamental valor eclesial e pastoral" e informando que, até o momento, o acordo "foi positivo, graças a boa comunicação e colaboração entre as partes na matéria".   

O documento da Igreja ainda informa que o papa Francisco quis "fortemente" ter e manter esse "diálogo construtivo" com os chineses. No entanto, assim como dito por Parolin um dia antes, o Pontífice reconhece "que há feridas abertas na comunhão da Igreja no passado", ressaltando que esse é um acordo exclusivamente no âmbito religioso e não diplomático.   

"É doloroso reconhecer que permanecem não poucas situações de grande sofrimento. A Santa Sé está profundamente consciente, leva em consideração e não para de chamar a atenção do governo chinês para favorecer um exercício mais frutuoso da liberdade religiosa. O caminho ainda é longo e com dificuldades", pontua o texto.   

Assim como ocorreu há dois anos, o acordo é mantido em "sigilo" por estar em fase experimental.   

- O acordo: O pacto entre a Igreja Católica e o governo da China foi assinado em outubro de 2018 e tinha duração de dois anos.   

Com o entendimento, o Vaticano voltou a ter um papel ativo na nomeação de bispos e arcebispos, que até então eram feitos à revelia do Papa.   

Por isso, durante décadas, os cerca de 12 milhões de católicos chineses se dividiam entre a igreja liderada por bispos escolhidos pelo Partido Comunista Chinês e uma comandada pela Igreja Católica Apostólica Romana, que atuava de maneira clandestina. Porém, mesmo com o acordo firmado, os religiosos chineses não são obrigados a se alinharem imediatamente com a Santa Sé.   

O Vaticano e a China romperam relações diplomáticas em 1951 após o reconhecimento do território de Taiwan como independente.   

(ANSA).   

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