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Órgão admite erro sobre remessas do Vaticano à Austrália

Órgão admite erro sobre remessas do Vaticano à Austrália - Getty Images/iStockphoto
Órgão admite erro sobre remessas do Vaticano à Austrália Imagem: Getty Images/iStockphoto

13/01/2021 16h29

Pela primeira vez, o Vaticano se pronunciou de maneira oficial sobre o escândalo financeiro que atinge a Igreja Católica na Austrália e negou que tenha feito transferências bilionárias entre os anos de 2014 e 2020.

Pouco depois, a Austrac, órgão do governo australiano que investiga crimes financeiros, admitiu que cometeu um erro.

A nota oficial diz que a Santa Sé trabalhou em parceria com a Austrac e com a Comissão Australiana sobre Caridade e ONGs (Asif) e que há uma "grande discrepância" sobre as transações financeiras efetuadas pelo Vaticano para a Austrália no período citado, destacando que os valores errados foram publicados por um "jornal australiano".

"Entre 2014 e 2020: [foram] 9,5 milhões [de dólares australianos] contra 2,3 bilhões de dólares australianos. A cifra é justificada, entre outros, sobre algumas obrigações contratuais e a gestão ordinária dos próprios recursos. Pela ocasião, a Santa Sé reforça o respeito pelas Instituições do País e manifesta satisfação pela colaboração entre os entes envolvidos", informa o comunicado.

Após a nota do Vaticano, a Austrac admitiu que cometeu um erro de cálculo e que os valores informados à imprensa estavam errados. Ao invés de 1,4 bilhão de euros enviados em 400 mil transações financeiras como havia sido publicado, na realidade, eram 6 milhões de euros em 362 remessas bancárias.

"Acredita-se que um erro de código do computador seja a origem do cálculo errado", informa ainda a Austrac em uma nota publicada no "The Australian", o jornal citado indiretamente pela nota do Vaticano.

O valor enorme gerou uma série de dúvidas, inclusive, na Conferência Episcopal da Austrália, que dizia não saber para onde teria ido a cifra bilionária - já que ela equivale, praticamente, ao superávit da Igreja no mundo todo. Os bispos australianos chegaram a pedir que o papa Francisco abrisse uma investigação formal sobre o caso.

O caso foi revelado durante uma audiência no Senado da Austrália em outubro do ano passado, quando a senadora Concetta Fierravanti-Wells questionou a presidente da Austrac sobre uma investigação da Polícia Federal sobre o dinheiro enviado pelo Vaticano.

O questionamento era porque o montante teria sido enviado ao país durante o período em que o cardeal George Pell estava sendo alvo de um processo por abuso sexual de menores. O religioso, o mais alto membro da Igreja Católica a sofrer um processo do tipo, chegou a ser condenado a seis anos de prisão em primeira e segunda instância, mas a Alta Corte da Austrália anulou o processo por falta de provas.