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Plano da Itália contra pandemias era de 2006, diz MP

18/01/2021 14h38

BERGAMO, 18 JAN (ANSA) - O Ministério Público de Bergamo, que conduz inquéritos sobre o novo coronavírus na Itália, afirmou nesta segunda-feira (18) que o plano do governo contra pandemias não era atualizado desde 2006.   

A declaração foi dada após uma audiência de seis horas com Giuseppe Ruocco, secretário-geral do Ministério da Saúde e ex-diretor-geral de prevenção. Ele foi ouvido como "pessoa informada sobre os fatos" e não é investigado no momento.   

"O plano em vigor era o de 2006, ao menos isso é o que nos foi dito", contou a procuradora-adjunta de Bergamo, Maria Cristina Rota. A suposta falta de um plano antipandemias atualizado é um dos pilares da investigação do MP, que recebeu mais de 100 denúncias de familiares de vítimas da Covid-19 sobre supostas falhas e negligências no início da crise.   

Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que chegou a ser removido do site da entidade, o plano italiano não era atualizado desde 2006. A última versão do documento data de 2017, mas o texto é praticamente igual ao de 11 anos antes.   

Por conta disso, os agentes da Guarda de Finanças apreenderam arquivos no Ministério da Saúde, na semana passada, para entender como o plano de 2017 foi elaborado. "Contribuí para esclarecer. Respondi às perguntas e dei todas as informações que estavam em minha posse", disse Ruocco após a audiência.   

Falta de lockdown - As denúncias analisadas pelo MP de Bergamo também questionam o motivo de não ter sido decretado um lockdown imediato no Vale Seriana, epicentro da pandemia na província, e a decisão de não fechar o hospital de Alzano Lombardo, de onde o coronavírus começou a se espalhar pela região.   

A província de Bergamo registrou seus primeiros casos em 23 de fevereiro, mas só entrou em lockdown em 9 de março, com o restante da Lombardia. A postura das autoridades divergiu daquela adotada com as 11 cidades que diagnosticaram os primeiros contágios por transmissão interna na Itália, em 21 de fevereiro.   

Naquela ocasião, os 11 municípios - sendo 10 na província de Lodi, na Lombardia, e um na província de Pádua, no Vêneto - foram transformados imediatamente em "zona vermelha", um regime rígido que incluía até toque de recolher.   

O primeiro-ministro Giuseppe Conte, o governador da Lombardia, Attilio Fontana, e o ex-secretário de Bem-Estar Social da região Giulio Gallera já foram ouvidos pelo MP de Bergamo, mas como "testemunhas informadas sobre os fatos", já que nenhum deles é investigado. (ANSA).   

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