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Papa Francisco envia mensagem ao Brasil e pede união para superar pandemia

17.fev.2021 - O Papa Francisco realiza missa que dá início ao perído da Quaresma, no Vaticano - Reuters/Vaticano
17.fev.2021 - O Papa Francisco realiza missa que dá início ao perído da Quaresma, no Vaticano Imagem: Reuters/Vaticano

17/02/2021 11h55

O papa Francisco enviou uma mensagem para os fiéis do Brasil nesta quarta-feira (17) pelo início da Campanha da Fraternidade 2021 e pediu a "superação das divisões" para atingir a união e vencer a pandemia de coronavírus Sars-CoV-2.


O tema da reflexão católica é "Fraternidade e Diálogo: compromisso do amor" e critica o discurso de ódio e o fundamentalismo religioso, bem como defende os direitos das minorias e a ciência no combate à pandemia de Covid-19.

"Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, 'passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta'. Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola", escreveu o líder católico.

Segundo Jorge Mario Bergoglio, a 58º Campanha da Fraternidade convida os fiéis a "sentar-se a escutar o outro e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes um mundo surdo".

"De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro. E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, é a nossa paz: 'do que era dividido fez uma unidade' (Ef 2,14)", destaca ainda.

Para o Papa, a "Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos, no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus. "É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic)", escreveu ainda.

Ao fim da mensagem, Francisco ressalta que "a fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis".

Polêmicas

A Campanha da Fraternidade causou polêmica neste ano entre os setores mais conservadores da Igreja Católica no Brasil por defender, entre outros pontos, os direitos das pessoas LGBTQI+.

Em nota oficial publicada após a divulgação do texto-base, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) "reafirma que a Igreja Católica tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela".

"A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que 'gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo", informa.

O texto ainda afirma que a publicação "seguiu a estrutura de pensamento e trabalho" do Conic e que "não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB".