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Itália alerta para efeitos da pandemia na vida das mulheres

08/03/2021 10h34

ROMA, 8 MAR (ANSA) - No Dia da Mulher, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, fez um discurso nesta segunda-feira (8) e alertou tanto para o efeito negativo da pandemia de Covid-19 na vida delas como para a "alarmante" quantidade de feminicídios ocorrido no país.   

"É dia 8 de março. Sharon, Victoria, Roberta, Teodora, Sonia, Piera, Luljeta, Lidia, Clara, Deborah, Rossella. Foram assassinadas 11 mulheres na Itália nos dois primeiros meses do novo ano. Foram mortas pelas mãos de quem as fez acreditar que as amava. Pelas mãos de quem, entre outras coisas, deveria dedicar-se à recíproca proteção. Agora estamos perante à 12ª morte, de Ilenia. No ano passado, foram 73 mortes. É um fenômeno impressionante que chacoalha e questiona a consciência do nosso país", disse Mattarella.   

O chefe de Estado ainda ressaltou que há outras formas de violência contra elas, que "são menos brutais, mas nem por isso menos traiçoeiras", como "a violência econômica, que exclui a mulher da gestão do patrimônio comum ou que obriga a mulher a abandonar seu trabalho por causa da gravidez" ou através das palavras, que "alimentam estereótipos e julgamentos obtusos e selvagens".   

Sobre a crise sanitária, Mattarella lembrou que a data de hoje é celebrada "infelizmente, ainda sob o sinal da pandemia, que tornou nossa existência mais pesada, causando um número sem precedentes de vítimas e impulsionou problemas econômicos, sociais e de relações humanas".   

"Um fenômeno planetário imprevisto que colocou sob dura prova a capacidade de resistência dos cidadãos e da mesma convivência civil. A difusão da Covid-19, como sempre ocorre nos períodos difíceis, atingiu majoritariamente as partes mais fracas e expostas da sociedade, e as mulheres estão entre elas. Do ponto de vista do emprego, sobretudo", destacou o presidente.   

Citando os números oficiais, Mattarella lembrou que há 400 mil mulheres a menos no mercado de trabalho italiano por conta da crise sanitária e econômica.   

Seguindo a mesma linha, o Vaticano, através da comissão para a pandemia de coronavírus, publicou um documento chamado de "Mulheres na crise Covid-19: Desproporcionalmente atingidas e protagonistas da regeneração".   

"A pandemia aumentou a vulnerabilidade do inúmeras mulheres em todo o mundo. É necessário prestar muita atenção nas experiências e nas lutas das mulheres no mundo para que elas possam participar plenamente e prosperar na regeneração dos sistemas humanos e da criação de novos modelos de desenvolvimento mais respeitosos às pessoas e à terra", pontuou o documento.   

De acordo com o texto, "no meio da pandemia, as normas sociais discriminatórias foram agravadas por outras 'desvantagens' (por exemplo, pobreza, raça, etnia e religião) e aumentaram a vulnerabilidade de inúmeras mulheres em todo o mundo".   

"As mulheres estão aguentando o maior peso da pandemia, foram excluídas da maior parte do processo decisório relativo à Covid-19 em muitos países, e muito por causa da persistente sub-representação nas posições de alto nível nos setores-chave da medicina e da política. Elas poderiam ter contribuído à falta de atenção explícita apresentada pelos impactos negativos da pandemia sobre mulheres e jovens", acrescentou.   

O Vaticano ressaltou que os países nos quais as lideranças eram femininas, todavia, "andaram, de maneira geral, de uma maneira melhor na pandemia" porque elas "enfrentaram a crise de maneira semelhante: ouviram precocemente os especialistas sanitários e atuaram rapidamente em medidas de contenção".   

O relatório ainda aponta que, onde há mais mulheres, há maiores preocupações "na segurança humana" e que onde há participação delas há maior quantidade de acordos de paz firmados.   

"A participação das mulheres nos acordos de paz e segurança torna a paz mais sustentável: tais acordos têm 35% de probabilidade de durar ao menos 15 anos e 64% menos chances de falência. Maior é o papel da mulher em uma campanha de paz, maior é a correlação com os métodos não violentos, mesmo que em contextos altamente repressivos", diz ainda o texto. (ANSA).   

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