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Países divergem sobre vacinação de atletas olímpicos

23/04/2021 12h13

Por Tatiana Girardi SÃO PAULO, 23 ABR (ANSA) - Era 11 de março de 2021 quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou, para surpresa de todos, uma parceria com o Comitê Olímpico da China para a compra de vacinas anti-Covid produzidas no país para imunizar atletas que disputarão as Olimpíadas de Tóquio e os Jogos de Inverno de 2022.   


O presidente da entidade, Thomas Bach, ressaltou que a vacinação contra o coronavírus Sars-CoV-2 não seria obrigatória para a participação nas Olimpíadas e Paralimpíadas, mas disse que o COI ajudaria as confederações nacionais a proteger os esportistas.   


Porém, cerca de 40 dias após o anúncio, cada país decidiu agir à sua própria maneira. Enquanto alguns já começaram a vacinar, outros ainda debatem projetos, e a maioria sequer tem alguma definição sobre o tema.   


O governo do Japão, país-sede das Olimpíadas e que tem uma rivalidade histórica com a China, já informou que seus atletas não tomarão vacinas produzidas pelo vizinho porque elas não foram aprovadas pela agência reguladora local. No entanto, ainda não há nenhum projeto em andamento para imunizar os esportistas, tema que vem causando bastante polêmica no país, especialmente em função de sua campanha de vacinação ainda lenta.   


Já o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) disse em email enviado à ANSA que "segue o Plano Nacional de Imunização do governo federal". Além disso, não há projeto em tramitação sobre o tema, mas os atletas olímpicos que pertencem às Forças Armadas serão imunizados entre os grupos prioritários. Dos 541 esportistas militares, 42 estão com vagas garantidas para Tóquio.   


O país, no entanto, possui parceria com os chineses através do governo de São Paulo, que produz em território nacional a CoronaVac, do laboratório Sinovac Biotech e que é uma das vacinas oferecidas por Pequim, ao lado da fórmula da Sinopharm.   


Já a Itália tem cerca de metade da sua delegação olímpica imunizada - ou em fase final de imunização - porque muitos atletas são militares. Para os demais, a subsecretária de Esportes do governo, Valentina Vezzali, anunciou que irá apresentar "em breve" um projeto para garantir a vacinação dos atletas olímpicos e paralímpicos a tempo dos Jogos de Tóquio, em ação que conta com o apoio formal do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni).   


O restante do mundo vem adotando estratégias próprias, mas algumas nações sequer precisaram de leis para a vacinação de atletas por terem acelerado de tal modo a campanha de imunização que seus esportistas já tomaram a vacina por faixa etária, caso de Israel, por exemplo. A China, que ofereceu vacinas para os estrangeiros, também já está imunizando atletas contra a Covid-19.   


A mesma situação é vivida pelos Estados Unidos, que não têm uma lei federal sobre o tema. Poucos estados dos EUA incluíram atletas em grupos prioritários, casos de Havaí e Texas, mas o governo Biden já liberou a vacinação para todas as pessoas acima dos 18 anos, então os esportistas serão naturalmente imunizados.   


Entre os europeus, a Alemanha anunciou que começará a vacinar as delegações olímpicas e paralímpicas voluntariamente "nas próximas semanas". Já o Comitê Olímpico Francês se disse "confiante" em ter a capacidade de vacinar os atletas a tempo dos Jogos, apesar de não possuir legislação sobre o assunto. O Reino Unido, que tem uma campanha bastante avançada, irá proteger os atletas conforme a idade e o plano nacional.   


Hungria, Sérvia e Lituânia aprovaram leis para imunizar atletas, enquanto a Ucrânia já começou a usar doses da CoronaVac para proteger seus competidores.   


Rússia, Nova Zelândia, Austrália, Cuba, Canadá, Índia, México, Paquistão e Irã são alguns dos países que aprovaram leis e estão oferecendo vacinas - alguns com grande parte das delegações já protegidas - aos atletas olímpicos e paralímpicos.   


Além da China, a Rússia também se movimentou para oferecer vacinas para os países africanos. O país, que produz as fórmulas Sputnik V, EpiVacCorona e CoviVac, ofertou doses a 14 nações da África em fevereiro: Benin, Burkina Fasso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. As negociações estão em vias finais.   


Protocolos sanitários - Por conta de toda a excepcionalidade que pandemia de Covid-19 trouxe ao mundo, incluindo o adiamento dos Jogos de 2020 para 2021, o COI publicou uma série de guias sobre os protocolos que devem ser adotados por atletas, técnicos, árbitros e pela comunidade olímpica em geral.   


Além das recomendações básicas - higienizar as mãos, evitar contatos físicos com pessoas estranhas e aglomerações e usar máscaras -, há a orientação para baixar o app dos Jogos e seguir estritamente as diretrizes definidas para cada grupo.   


Por exemplo, usar apenas o serviço de transporte indicado pelo aplicativo e cumprir o que foi informado no planejamento de atividades, que todos os atletas precisarão completar diariamente.   


O guia ainda dá orientações para a chegada dos competidores, com a obrigação do teste negativo para embarque ao Japão e um novo exame na chegada, dependendo da origem do esportista. Isso porque o governo proíbe a entrada de estrangeiros de determinadas nações, mas será aberta uma exceção para as Olimpíadas e Paralimpíadas.   


Além disso, os protocolos preveem obrigatoriedade de isolamento de 14 dias e realização de testes esporádicos durante as disputas. Os atletas também precisarão fazer exames caso percebam algum sintoma da Covid-19, e as delegações terão de mandar ao COI uma lista de contatos próximos.   


Outro ponto interessante é a recomendação para que os competidores "apoiem os atletas aplaudindo, e não cantando ou gritando". "Você é o responsável por proativamente monitorar e reportar sobre sua saúde todos os dias através do app", ressalta ainda o documento.   


No entanto, a cartilha destaca que não haverá diferenciação nas regras para os atletas e paratletas que foram vacinados e os que não foram. Os Jogos Olímpicos de Tóquio serão realizados entre 23 de julho e 8 de agosto, e as Paralimpíadas, entre 24 de agosto e 5 de setembro. (ANSA).   


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