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Proteger patentes é 'vírus do individualismo', diz Papa

08/05/2021 09h30

VATICANO, 8 MAI (ANSA) - O papa Francisco voltou a defender neste sábado (8) a quebra temporária de patentes de vacinas anti-Covid, pauta que ganhou novo impulso após ter sido encampada pelo governo dos Estados Unidos.   

Em mensagem em vídeo para o show virtual Vax Live, que reúne dezenas de artistas para arrecadar fundos para financiar a distribuição de imunizantes contra o novo coronavírus no mundo, o líder católico afirmou que é necessário "abandonar nossos individualismos e promover o bem comum".   

Além disso, defendeu que "um espírito de justiça nos mobilize para assegurar o acesso universal a vacinas e a suspensão temporária dos direitos de propriedade intelectual". "A pandemia colocou todos em crise, mas não se esqueçam que não saímos iguais de uma crise, saímos melhores ou piores", disse.   

Francisco também declarou que o "vírus do individualismo" não torna as pessoas "mais iguais nem mais irmãs", porém as deixa "indiferentes ao sofrimento dos demais". "Uma variante desse vírus é o nacionalismo fechado, que impede, por exemplo, um internacionalismo das vacinas. Outra variante é quando colocamos as leis de mercado ou de propriedade intelectual acima das leis do amor e da saúde da humanidade", ressaltou.   

O tom da mensagem é semelhante ao discurso proferido pelo Papa em sua bênção de Natal no ano passado, quando ele criticou os que colocam as "leis de mercado e de patentes de invenções sobre as leis do amor".   

O pleito pela quebra das patentes de vacinas anti-Covid é liderado pela Índia e por países da África, mas ganhou o apoio dos EUA na última quarta-feira (5), quando o governo Biden disse que "tempos extraordinários exigem medidas extraordinárias".   

A União Europeia, por sua vez, ainda está reticente e afirma que a suspensão dos registros de propriedade intelectual não é suficiente para resolver o problema da falta de doses no mundo.   

"Não achamos que possa haver uma solução mágica de curto prazo sobre a propriedade intelectual", afirmou neste sábado o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.   

Líderes da UE cobram que os EUA revoguem os bloqueios a exportações de imunizantes. "De 400 milhões de doses produzidas, exportamos 200 milhões. Fomos mais lentos com as campanhas na Europa porque fomos abertos desde o início. Os EUA, por enquanto, só exportaram 5% ao Canadá e ao México", disse o presidente da França, Emmanuel Macron.   

Até o momento, já foram aplicadas cerca de 1,26 bilhão de doses de vacinas anti-Covid em todo o mundo, segundo o portal Our World in Data, mas somente 19,7 milhões (1,7%) na África, embora o continente abrigue mais de 15% da população global. (ANSA).   

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