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Lula e bossa nova: os elos do novo prefeito de Roma com Brasil

18/10/2021 13h59

ROMA, 18 OUT (ANSA) - O novo prefeito eleito de Roma, Roberto Gualtieri, vai levar um toque de brasilidade ao comando da capital e cidade mais populosa da Itália.   

Vencedor no segundo turno com cerca de 60% dos votos, o deputado de 55 anos tem uma antiga relação com o Brasil iniciada ainda na juventude.   

Assim como boa parte da esquerda italiana, Gualtieri é admirador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegou a visitá-lo na cadeia em Curitiba, em julho de 2018. Meses antes, havia dito que o petista era vítima de um "processo grotesco", em referência ao caso do tríplex do Guarujá.   

"Li atentamente toda a sentença do processo e fiquei chocado com a ausência de provas e culpas. Acho que essa sentença será estudada por muitos anos na universidade como um caso de má justiça", afirmou Gualtieri após sua visita a Lula na prisão.   

O prefeito eleito de Roma também fala português intermediário e é fã de bossa nova - é famosa na esquerda italiana uma versão sua da música antifascista "Bella Ciao" no violão.   

"A música é minha grande paixão. Comecei a estudar bateria, depois violão. Eram os anos de Falcão na Roma, dos grandes festivais de música brasileira na capital, dos shows de Caetano Veloso", contou Gualtieri em entrevista recente ao Corriere della Sera sobre sua adolescência.   

De Bruxelas a Roma - Historiador de formação, Gualtieri dedicou a maior parte de sua carreira política às instituições da União Europeia.   

Seu cargo mais longevo é o de eurodeputado, exercido entre julho de 2009 e setembro de 2019, período em que se notabilizou por sua oposição às políticas de austeridade da União Europeia.   

Sua atuação como presidente da Comissão Econômica e Monetária do Parlamento Europeu (2014-2019) o tornou uma das vozes mais importantes do Partido Democrático (PD), maior sigla de centro-esquerda na Itália, em matéria financeira.   

Quando o PD decidiu apoiar um segundo governo do premiê antissistema Giuseppe Conte, em setembro de 2019, indicou Gualtieri para o cobiçado cargo de ministro da Economia, o qual ocuparia até fevereiro de 2021.   

Durante esse período, ele acabou se tornando um dos artífices do fundo de recuperação de 750 bilhões de euros criado pela UE para favorecer a retomada econômica no pós-pandemia - a Itália é a maior beneficiará desse programa em termos absolutos, com direito a quase 200 bilhões de euros.   

Atualmente, Gualtieri ocupa um assento na Câmara dos Deputados por Roma, mas logo deixará o Parlamento para assumir o comando da "cidade eterna".   

Desafios - "Obrigado aos romanos por esse resultado tão significativo", comemorou o prefeito eleito, em discurso na sede de seu comitê de campanha.   

"Serei o prefeito de todas as romanas e de todos os romanos.   

Vamos começar um trabalho extraordinário para relançar Roma e fazê-la crescer", acrescentou.   

O trabalho de Gualtieri não será fácil: nas últimas duas décadas, a capital italiana se tornou um moedor de carreiras políticas, ao invés de um trampolim para voos mais altos.   

A atual mandatária, a antissistema Virginia Raggi, amargou um quarto lugar nas eleições, enquanto seus dois antecessores, Gianni Alemanno (direita) e Ignazio Marino (esquerda), tiveram mandatos conturbados devido a problemas com a Justiça.   

Entre os desafios de Gualtieri estão os problemas crônicos de Roma com lixo urbano e transporte público, além da degradação das periferias. "Todos os distritos serão motores fundamentais para nós. Queremos uma cidade dos bairros, é o tempo de realizar um grande pacto pelo desenvolvimento e emprego", disse o prefeito eleito. (ANSA).   

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