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Partido antissistema da Itália abre mão de mais um princípio

30/11/2021 14h59

ROMA, 30 NOV (ANSA) - O partido antissistema italiano Movimento 5 Estrelas (M5S) abandonou mais uma de suas bandeiras históricas nesta terça-feira (30) e passou a aceitar financiamento público para suas campanhas, ainda que indiretamente.   

Atravessando uma crise existencial desde que chegou ao governo, em junho de 2018, o M5S submeteu a uma votação online entre seus inscritos a possibilidade de receber doações por meio de um instrumento chamado "2x1000".   

Esse recurso permite que qualquer cidadão repasse 2? de seu próprio imposto de renda do ano anterior para uma legenda política e é considerado um financiamento público indireto, já que o dinheiro é deduzido da quantia que o contribuinte pagaria ao Estado.   

A recusa de qualquer tipo de financiamento público era um dos principais pontos programáticos do M5S, mas os eleitores do partido aprovaram o 2x1000 com 72% dos votos, de acordo com o líder da sigla, o ex-premiê Giuseppe Conte, apoiador da mudança.   

"O M5S se transformou em um partido tradicional", ironizou no Twitter o senador Andrea Marcucci, do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.   

De fato, essa não é a primeira vez que o movimento antissistema cede às práticas do establishment. Ao longo dos últimos anos, o M5S já abriu mão do limite à reeleição entre seus candidatos e da promessa de jamais se aliar aos partidos tradicionais.   

Vencedor das eleições de 2018, o movimento governou primeiro em aliança com a Liga, de ultradireita, depois com o PD, de centro-esquerda, e agora integra uma coalizão de união nacional no gabinete do premiê Mario Draghi, símbolo do establishment da União Europeia - a qual o M5S prometia combater.   

Essas recorrentes mudanças de direção provocaram diversos rachas no partido e também o derrubaram nas pesquisas de intenção de voto. Antes o mais popular do país, o M5S aparece agora apenas em quarto lugar, com cerca de 16% dos votos, atrás do PD (21%) do Irmãos da Itália (20%), de ultradireita, e da Liga (19%).   

(ANSA).   

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