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Papa levará 50 migrantes do Chipre para a Itália

02/12/2021 15h28

NICÓSIA, 2 DEZ (ANSA) - O presidente do Chipre, Nikos Anastasiades, confirmou nesta quinta-feira (2) que o papa Francisco voltará para o Vaticano com um grupo de 50 migrantes acolhidos na ilha.   

Esse rumor já circulava na imprensa italiana havia alguns dias, mas ainda não tinha recebido uma confirmação oficial da Santa Sé, que dizia apenas que essa hipótese estava em estudo.   

"Quando se considera o tamanho da população, o Chipre é o primeiro país de destino de refugiados e de grandes fluxos de pessoas que migram clandestinamente através dos territórios ocupados, e encontramos inúmeras dificuldades com isso", disse Anastasiades durante encontro com o Papa na capital cipriota, Nicósia.   

A menção a "territórios ocupados" faz referência à República Turca do Chipre do Norte, região cuja independência é reconhecida apenas pela Turquia, que apoia os separatistas. Já a maior parte da ilha corresponde à República do Chipre, de maioria étnica grega e integrante da União Europeia.   

"Queremos expressar nossa gratidão pela iniciativa de transferir 50 migrantes do Chipre para a Itália. Sua inciativa simbólica é, antes de tudo, uma mensagem forte sobre a necessidade de uma indispensável revisão da política de imigração da UE, de modo que haja uma divisão mais equilibrada do problema e uma vida mais humana para aqueles que chegam nos Estados-membros", afirmou Anastasiades ao Papa.   

Atualmente, o sistema de asilo da União Europeia determina que a responsabilidade de analisar pedidos de refúgio é do país de entrada do requerente, o que sobrecarrega nações do Mediterrâneo, como Grécia, Itália, Malta e o próprio Chipre, embora os solicitantes frequentemente usem essas nações apenas como porta de entrada no bloco.   

Reunificação - Durante o encontro com Francisco, Anastasiades também garantiu que continuará "lutando pela paz e a reunificação de todas as comunidades do Chipre", apesar da "posição intransigente da Turquia, que não permitiu uma solução honesta, sustentável e justa".   

"Isso para fazer do Chipre um exemplo de convivência pacífica, cooperação e reconstrução após um passado traumático, no pleno respeito a todos os grupos religiosos da ilha. Nossos compatriotas turco-cipriotas, liberados do passado, deveriam acolher perspectivas que ofereçam a todos a possibilidade de uma pátria reunida e completamente independente", disse.   

Já o Papa afirmou que o Chipre é vítima de uma "terrível laceração" e prometeu orações "pela paz de toda a ilha".   

"Precisamos acreditar na força paciente do diálogo. Sabemos que não é um caminho fácil, é longo e tortuoso, mas não há alternativas para alcançar a reconciliação", ressaltou.   

Além disso, Bergoglio pediu que os líderes cipriotas "se lembrem das gerações futuras, que desejam herdar um mundo pacificado e coeso", quando se sentirem "desencorajados". "O Chipre é uma encruzilhada geográfica, histórica, cultural e religiosa, tem essa localização para implantar uma ação de paz. Que seja um canteiro de paz aberto no Mediterrâneo", declarou.   

Agenda - Francisco desembarcou no Chipre na manhã desta quinta-feira e se hospeda na Nunciatura Apostólica, cuja sede está situada em uma zona controlada pela ONU, entre as linhas militares de gregos e turcos.   

Ele fica no país até sábado (4) e ainda se reunirá com autoridades ortodoxas e migrantes e celebrará uma missa em um estádio. Em seguida, partirá para a Grécia, onde visitará a capital Atenas e a ilha de Lesbos, de onde voltou com 12 refugiados sírios em abril de 2016.   

Tanto a Grécia quanto o Chipre são majoritariamente ortodoxos, o que reflete a estratégia do Papa de reforçar a união entre as diversas confissões cristãs. (ANSA).   

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