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Acordo UE-Mercosul precisa de adendo ambiental, diz Itália

18/03/2022 13h20

SÃO PAULO, 18 MAR (ANSA) - O subsecretário do Ministério das Relações Exteriores da Itália, Manlio Di Stefano, afirmou que um "adendo" sobre questões ambientais já seria suficiente para destravar a ratificação do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul.   

Concluído em 2019 após 20 anos de negociações, o tratado precisa ser ratificado pelos parlamentos nacionais, mas enfrenta resistência em alguns países da UE, como a França, por causa da explosão do desmatamento na Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro.   

"A maioria absoluta da União Europeia está convencida de que basta um adendo ao acordo sobre a matéria ambiental.   

Objetivamente, reabrir as negociações significaria não fazer mais o acordo. Acreditamos que o adendo é suficiente, e o governo brasileiro concorda", disse Di Stefano, do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), em entrevista a ANSA na última quinta-feira (17), no encerramento de uma missão de três dias no Brasil.   

"Esperamos conseguir fazer em breve porque, com as eleições francesas daqui a pouco e as do Brasil em outubro, arriscamos ficar parados mais dois anos. Insistiremos em ajudar na obtenção do acordo em curto prazo", salientou o subsecretário.   

A principal voz de oposição ao acordo é a do presidente francês, Emmanuel Macron, que já ameaçou não assinar o tratado caso o governo brasileiro não controle a devastação na Amazônia.   

No entanto, para Di Stefano, esse problema é de natureza "política" por causa da proximidade com as eleições presidenciais na França, marcadas para 10 de abril. "Tudo que é polarizante será desacelerado neste momento", admitiu.   

Relações - Durante sua visita ao Brasil, Di Stefano também afirmou que ainda há espaço para melhora nas relações políticas e econômicas bilaterais e projetou parcerias para aproximar os dois países.   

"Eu disse muito isso nesses três dias: ambos os países sempre cometeram um grande erro, que é dar por certo que somos países irmãos porque a comunidade italiana [no Brasil] é muito grande.   

Isso sempre serviu de desculpa para os políticos não cultivarem a relação política. Cometemos o mesmo erro com Argentina, Venezuela. É um erro gravíssimo, porque as relações políticas devem ser cultivadas. A Itália, politicamente, quer ser amiga do Brasil, independentemente de quem o governa", salientou.   

Em seus encontros institucionais, o subsecretário defendeu a candidatura do Brasil a membro da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e propôs a criação de joint ventures para permitir a transferência de tecnologias entre os dois países.   

Além disso, sugeriu ao ministro das Relações Exteriores, Carlos França, uma parceria entre as agências espacial da Itália (ASI) e do Brasil (AEB). "A Itália é uma das lideres mundiais no setor espacial, e o Brasil, com um território tão vasto, poderia seguramente ter maior capacidade de observação da terra, de monitoramento de fronteiras, de controle do desmatamento", explicou.   

Di Stefano também propôs a instituição de uma "espécie de conselho de negócios para identificar, de vez em quando, os temas que possam ser mais importantes naquele momento". "A visita foi acima das expectativas. Tanto em Brasília como em São Paulo, encontrei uma clara vontade de reforçar as relações com a Itália, com essa lógica de uma ponte rumo à Europa. E nós também olhamos para o Brasil como um país que abre para um continente", ressaltou.   

De acordo com o subsecretário, o Brasil poderia compensar "alguns vazios" deixados pela guerra na Ucrânia e pela maior polarização entre Ocidente e Oriente. "O Brasil tem uma complementariedade produtiva muito importante com a Europa, como em agricultura e energia", disse. (ANSA).   

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