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Estudo reescreve história da erupção que destruiu Pompeia

23/06/2022 13h43

ROMA, 23 JUN (ANSA) - A erupção no vulcão Vesúvio que devastou a antiga cidade romana de Pompeia, em 79 d.C., ocorreu entre 24 e 25 de outubro, e não entre 24 e 25 de agosto, como se imaginava até agora.

É o que aponta um estudo publicado na revista Earth-Science Reviews por pesquisadores do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV), em colaboração com o Instituto de Geologia Ambiental e Geoengenharia do Conselho Nacional de Pesquisas (Igag-CNR), da Universidade de Pisa, da Universidade de Heriot-Watt, na Escócia, e do Laboratório de Magmas e Vulcões de Clermont-Ferrand, na França.

Até agora, a comunidade científica acreditava que a erupção havia ocorrido entre os dias 24 e 25 de agosto de 79 d.C., baseando-se em uma carta de Plínio, o Jovem, para o historiador romano Tácito, mas quase 2 mil anos depois, análises de laboratório e releituras de fontes históricas permitiram reconstituir as fases da catástrofe.

"O espírito principal do trabalho foi coletar dados provenientes de fontes diversas", disse à ANSA o vulcanólogo Mauro Antonio Di Vito, do INGV, coordenador da pesquisa. "A erupção aconteceu em oito fases, e reconstruímos as características de cada uma", acrescentou.

A primeira, por exemplo, foi muito violenta e elevou uma coluna de fumaça até oito quilômetros de altura, espalhando material piroclástico (fluxo resultante da ação vulcânica) pelas áreas vizinhas. As cinzas caíram até na Grécia, de acordo com o estudo.

Data - "Desde o século 12, a data de 24 de agosto foi objeto de debates ferozes entre arqueólogos e geólogos porque era incongruente com numerosas evidências", observou Biagio Giaccio, pesquisador do Igag-CNR e coautor do artigo.

Ele cita como exemplo a descoberta de frutas típicas do outono entre as cinzas de Pompeia e de túnicas pesadas que não eram compatíveis com o clima esperado em agosto, em pleno verão no Hemisfério Norte - o outono vai de setembro a dezembro.

Outro indício importante surgiu em 2018, quando escavações em uma casa de Pompeia encontraram uma inscrição dizendo "16º dia antes das calendas [primeiro dia de cada mês no antigo calendário romano] de novembro, se entregava à comida de modo desmedido". Esse "16º dia antes das calendas de novembro" correspondia a 17 de outubro no calendário atual, o que indica que a erupção ocorreu depois dessa data.

Pompeia fica nos arredores de Nápoles e foi totalmente destruída pela erupção do Vesúvio, que deixou corpos petrificados até os dias de hoje. O local é atualmente a terceira atração turística mais visitada da Itália, atrás apenas do Coliseu de Roma e das Gallerie degli Uffizi, em Florença. (ANSA).

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