Papa já chamou padre Júlio de 'mensageiro de Deus' em discurso
04/01/2024 19h03
Possível alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo, o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, já foi tema de um discurso do papa Francisco no Vaticano e já conversou sobre seu trabalho, por telefone, com o pontífice.
"Consegui ligar para um padre italiano [o sacerdote é descendente de imigrantes] idoso, missionário da juventude no Brasil, sempre trabalhando com os excluídos, com os pobres. E vive essa velhice em paz, consumiu sua vida com os pobres. Esta é a nossa Mãe Igreja, este é o mensageiro de Deus", disse Jorge Bergolio, em 2020.
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Na época, a O São Paulo (jornal da Arquidiocese de São Paulo), o sacerdote paulista relatou a ligação, quando o Papa disse ter visto fotos do atendimento à população de rua em meio à pandemia, que recebeu através do Vatican News.
"O Papa disse que nos acompanha com carinho, sabe das dificuldades que vivemos e para que não desanimemos e tenhamos coragem, como Jesus, estando sempre junto dos pobres", disse Lancellotti, acrescentando que o pontífice pediu que ele transmitisse à população de rua que os ama muito, os abençoou, e pede suas orações por ele.
A Arquidiocese de São Paulo, chefiada pelo cardeal dom Odílio Scherer, repudiou a possível criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que teria como alvo o padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho social, promovida por grupos conservadores na Câmara Municipal paulistana.
O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), com apoio de vereadores bolsonaristas do Partido Liberal (PL), propôs em dezembro a instalação da CPI das ONGs para investigar "irregularidades" no trabalho na Cracolândia, no centro da cidade.
A CPI já colheu as assinaturas necessárias para a criação da CPI e é possível que ela seja instalada em fevereiro após o recesso da Câmara Municipal, mas há outros projetos na fila.
Após a repercussão negativa, os vereadores Xexéu Tripoli (PSDB), Sidney Cruz (SD), Thammy Miranda (PL) e Sandra Tadeu (União) retiraram os apoios, afirmando que não sabiam que a investigação teria o religioso como alvo.