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Ouvidor vai acompanhar investigação sobre morte de brasileiro na Austrália

20/03/2012 09h24

Um ouvidor do governo de Nova Gales do Sul, Estado australiano onde fica Sydney, vai acompanhar a investigação da morte do brasileiro Roberto Laudisio Curti, de 21 anos.


Laudisio morreu no domingo depois de, supostamente, ter resistido à prisão e ter sido alvejado pelos policiais com uma arma de taser, que dispara cargas elétricas.

O ouvidor nomeado pelo governo do Estado é Bruce Barbour, de acordo com o jornal australiano The Age.

"Todas as questões relacionadas ao envolvimento da polícia neste incidente estarão sujeitas à análise pelo meu gabinete", disse Barbour em uma rápida declaração à imprensa.

O secretário Estadual de Segurança Pública de Nova Gales do Sul, Mike Gallacher, afirmou que o ouvidor vai esclarecer as dúvidas sobre o uso de tasers pela polícia, algo que vem sendo motivo de discussões desde a morte do brasileiro.

"Para que a polícia na linha de frente tenha confiança no uso do taser, a comunidade deve ter certeza de que tal uso é feito de modo responsável, e um acompanhamento independente desta investigação vai fazer exatamente isto", afirmou Gallacher em uma declaração conjunta com o comissário da Polícia Andrew Scipione.

"O Departamento de Homicídios está investigando as circunstâncias da morte do homem, incluindo o uso de opções táticas da polícia, e toda a informação será fornecida para os legistas de Nova Gales do Sul", acrescentou Scipione.

O jornal australiano Sydney Morning Herald afirma que a polícia de Nova Gales do Sul pode ter desrespeitado as regras de uso de armas de taser no caso da morte do brasileiro.

Testemunha

Imagens de câmeras de segurança foram divulgadas na segunda-feira mostrando policiais agarrando um homem na rua. O homem consegue se libertar dos policiais e fugir, mas então é perseguido e um dos policiais parece apontar uma arma de taser contra ele.

Segundo o Sydney Morning Herald, o brasileiro foi visto correndo sem camisa e de mãos vazias por uma rua de Sydney, sendo perseguido por até seis policiais.

Ele teria gritado por socorro enquanto um policial disparou a arma de taser contra as costas do brasileiro.

Quando ele caiu no chão, os policiais pularam em cima do jovem, que já tremia devido à descarga elétrica da arma. Uma testemunha afirmou que foram feitos mais três disparos com a arma de taser enquanto o homem gritava e tentava se soltar.

"Foi neste ponto que os gritos pararam... Pensei que ele tinha desmaiado", disse a testemunha segundo o Herald de segunda-feira.

"Não pensei que ele tinha morrido", acrescentou.

A testemunha, que falou com a polícia mas pediu para não ser identificada, afirmou que estava saindo de um táxi quando viu os policiais perseguirem um homem pela rua, por volta das 5h30 da manhã de domingo.

"O homem estava sem camisa e estava correndo o mais rápido que podia", disse.

"As calças dele estavam caindo. Pensei que ele estava apenas bêbado... e a polícia estava tentando pegá-lo."

A testemunha afirmou que a polícia dominou o homem contra uma parede, em frente a um café e houve luta corporal.

"Ele já estava no chão e eles estavam segurando-o, ele estava gritando, havia muitos sons do taser. Em um momento ouvi ele gritar 'socorro' e continuou gritando e tentava reagir."

A testemunha disse ainda que ouviu três ou quatro ruídos vindos da arma de taser durante a luta e então os gritos pararam.