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Snowden: EUA e Grã-Bretanha hackearam até serviços bancários

06/09/2013 08h25

Os serviços de inteligência de EUA e Grã-Bretanha teriam quebrado a tecnologia usada para criptografar serviços de internet, tais como serviços bancários online, registros médicos e e-mails.

Informações divulgadas por jornais britânicos e americanos a partir de documentos passados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden mostrariam que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) e o centro de comunicações do governo britânico (GCHQ, na sigla em inglês) teriam invadido importantes protocolos de segurança online.

As tecnologias de criptografia quebradas são utilizados por serviços populares da internet, como Google, Facebook e Yahoo.

A NSA estaria gastando US$ 250 milhões por ano com o programa secreto.

Segundo os documentos, publicados pelo jornal britânico Guardian em conjunto com o americano New York Times e a organização sem fins lucrativos ProPublica, que faz jornalismo investigativo, a operação do governo americano foi batizada de Bullrun, em referência à primeira batalha da guerra civil americana,

O programa homólogo britânico é chamado Edgehill, primeira grande batalha da guerra civil inglesa, informaram as publicações.

'Persuasão nos bastidores'

Os relatórios mostrariam que o Grã-Bretanha e as agências de inteligência dos Estados Unidos estão se concentrando na criptografia usada em smartphones, e-mail, compras online e redes de comunicação remota para negócios.

O americano Edward Snowden, que recebeu asilo na Rússia, teria revelado dados sobre a Bullrun dando conta de que a NSA tem construído poderosos supercomputadores para tentar quebrar a tecnologia que codifica e embaralha (criptografia) as informações pessoais quando os usuários de internet acessam vários serviços.

A NSA também teria colaborado com empresas de tecnologia - não nomeadas - para construir as chamadas "portas dos fundos" de softwares produzidos por estas companhias, o que daria ao governo acesso a informações do usuário antes que estas sejam criptografadas e enviadas pela internet.

Além disso, os serviços de inteligência fez uso de "ordens judiciais e persuasão nos bastidores para minar as principais ferramentas que protegem a privacidade das comunicações cotidianas", diz o New York Times.

Os Estados Unidos supostamente começaram a investir bilhões de dólares no programa em 2000, após esforços iniciais para instalar "portas dos fundos" em todos os sistemas de criptografia terem sido frustradas.

'Chocados'

Na década seguinte, a NSA teria empregado computadores de quebra de código e começado a colaborar com as empresas de tecnologia americanas e no exterior para construir pontos de acesso a seus produtos.

Os documentos fornecidos ao Guardian por Snowden não especificam quais empresas participaram do esquema.

Para invadir computadores e capturar mensagens antes de serem criptografadas, a NSA teria utilizado ampla influência para introduzir fraquezas em padrões de criptografia usados pelos desenvolvedores de software em todo o mundo, noticiou o New York Times.

Quando analistas de sistema britânicos souberam da extensão do programa teriam ficado "chocados", de acordo com um memorando entre os mais de 50 mil documentos compartilhados pelo Guardian.

Funcionários da NSA continuaram a defender as ações da agência, alegando que os Estados Unidos estariam em risco considerável se mensagens de terroristas e espiões não fossem decifradas.

Mas alguns especialistas argumentam que tais esforços podem, na verdade, prejudicar a segurança nacional, observando que as portas traseiras inseridos em programas de criptografia poderiam ser exploradas por aqueles que estão fora do governo.

Este é o mais recente de uma série de vazamentos de informações de Snowden, que começou a fornecer cópias de documentos confidenciais do governo aos meios de comunicação em junho.

Os Estados Unidos querem a extradição de Snowden, que tem asilo temporário na Rússia.