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Após 42 anos em coma, morre indiana que gerou debate sobre eutanásia

A enfermeira Aruna Shanbaug sofreu danos cerebrais após ser brutalmente estuprada no hospital onde trabalhava - Press Trust of India/BBC
A enfermeira Aruna Shanbaug sofreu danos cerebrais após ser brutalmente estuprada no hospital onde trabalhava Imagem: Press Trust of India/BBC

18/05/2015 06h11

Morreu nesta segunda-feira (18) na Índia a enfermeira Aruna Shanbaug, que estava em coma havia 42 anos, após ser estuprada.

Seu caso gerou um intenso debate sobre eutanásia no país, com pessoas defendendo que ela continuasse a ser alimentada por tubos e outras defendendo que se colocasse um fim em sua "agonia".

Shanbaug era enfermeira do hospital King Edward Memorial de Mumbai, onde ficou internada até está segunda-feira; ela sofreu graves danos cerebrais e ficou paralisada após ser violentada, em 1973, quando tinha 25 anos.

O estuprador era um faxineiro do hospital que a estrangulou usando uma corrente de metal.

Debate

Em 2001, a Suprema Corte da Índia rejeitou um pedido de eutanásia a Shanbaug, após um grupo de médico examiná-la.

No entanto, o julgamento foi considerado histórico porque acabou tornando legal no país a chamada eutanásia passiva.

Nessa prática, não se ministra nenhum medicamento que provoque a morte do paciente, apenas se interrompem cuidados médicos que tenham como objetivo prolongar a vida.

Durante essas mais de quatro décadas, Shanbaug foi alimentada por meio de tubos colocados em seu nariz e foi transferida para a UTI diversas vezes.

Na última, ela foi colocado em um ventilador após ter dificuldades de respirar. Segundo um porta-voz do hospital, ela morreu por conta de uma pneumonia.

"Ela finalmente conseguiu voar para longe. Mas, antes disso, deu à Índia uma lei sobre eutanásia passiva", disse à BBC a jornalista Pinki Virani, que escreveu o livro "Aruna's Story", sobre o caso.

Virani foi a autora do pedido à Suprema Corte indiana para que autorizasse a eutanásia da enfermeira e colocasse um fim à sua "insuportável agonia".

Vários defensores de direitos humanos apoiaram a causa da jornalista, mas diretores, médicos e enfermeiros do hospital em que ela trabalhava se opuseram ao pedido.

Segundo o jornal indiano "The Hindustan Times", o estuprador da Shanbaug, Sohanlal Bharta Valmiki, cumpriu sete anos de prisão após ser condenado por roubo e tentativa de suicídio. No entanto, ele não foi condenado por estupro, já que autoridades apagaram partes do relatório médico que dizia que ela havia sido sodomizada.

O namorado de Shanbaug na época, o médico residente Sundeep Sardesai, esperou por sua recuperação por quatro anos, mas depois foi morar no exterior e acabou casando com outra pessoa.