Hospital para falcões revela luxo e opulência do Qatar
A caça com falcões é um esporte popular no golfo Pérsico e Doha, a capital de um dos países da região, o Qatar, tem um hospital especializado no tratamento dessas aves.
Na entrada do hospital, a reportagem da BBC já é recebida por um falcão encapuzado. O pássaro, considerado um dos predadores dos ares, está empoleirada tranquilamente em frente a uma grande tela de televisão que exibe imagens em raio-X.
Um espectador mal informado pode até confundi-las com as de um frango mirrado de supermercado, pois o peito não tem muita carne.
Os funcionários, vestindo uniformes azuis elegantes, se movem rapidamente pelo local, consultando tabelas e comparando anotações sobre pacientes.
Para qualquer lugar que se olhe dentro desse prédio impecável e com ar-condicionado, é possível flagrar equipamentos ultramodernos. Vêem-se também alguns predadores voadores que precisam de atendimento médico.
Este é o Hospital de Falcões Souq Waqif em Doha. A instituição, com 30 veterinários e funcionários vindos de todo o mundo muçulmano, do Paquistão ao Irã, atende às necessidades de falcões e de seus donos ricos, praticantes apaixonados por este antigo esporte de reis.
A falcoaria é muito importante no golfo Pérsico. Dono de uma invejável reserva de gás natural, o Qatar vem emergindo como um país cada vez mais endinheirado.
Por essa razão, não surpreende exatamente o fato de as instalações do hospital serem tão luxuosas.
"Falcões são aves muito corajosas e atacam qualquer coisa, então, às vezes, eles chegam aqui feridos", disse Mohammed, o engenheiro médico que nos guia pelo hospital.
Se o falcão perdeu uma ou duas penas em uma briga com outra ave ou animal, não é problema. O hospital tem um ótimo banco de penas.
E uma asa quebrada? Basta levar a ave para a cirurgia ortopédica. Problemas digestivos? Para isto há exames de sangue e de fezes. E, se nada disso curar o animal, exames farmacêutivos e toxicológicos podem resolver o problema.
Anestesiado
Passamos por uma área onde são feitas endoscopias. Anestesiada, uma ave é examinada por um tubo colocado através de seu bico.
Uma microcâmera envia imagens de dentro do falcão para um grande monitor.
À primeira vista, qualquer um pensaria que todo este tratamento moderno deve custar muito caro. Errado. Um check-up custa 100 rials qatarianos (cerca de R$ 94,5). Já um raio-X sai por 20 rials, aproximadamente R$ 19.
"Recebemos pessoas vindas da Arábia Saudita, Kuwait e todo o golfo, trazendo seus falcões aqui", afirma Mohammed.
O hospital para falcões é apenas um dos muitos sinais de que esta antiga vila de coletores de pérolas e pescadores se transformou em uma cidade árabe incrivelmente rica.
Entre minha primeira visita a Doha no final dos anos 1990 e minha segunda, em 2014, surgiu uma capital totalmente nova, com prédios a perder de vista no horizonte de West Bay, que costumava ser vazio.
Edifícios e mais edifícios foram construídos, incluindo o belo Doha Tower ? criação do arquiteto francês Jean Nouvel.
Futuro e tradição
Se o hospital de falcões vaticina o futuro de Doha, a coleção particular de pérolas do empresário Hussein al Fardan, que seria a maior do tipo no mundo, revela uma antiga tradição do país, que acabou na década de 1950.
Há pérolas de todas formas, tamanhos e cores, incluindo a maior do mundo, uma pérola de 276 quilates, colocada em um anel.
A maior parte destas peças não está à venda, mas o preço daquelas em exposição não é para quem tem coração fraco.
Outra coleção que impressiona pela opulência é a de tapetes do xeque Faisal bin Qasim al Thani, empresário bilionário e membro da família real.
Em um dos muitos prédios de Thani em Doha estendem-se centenas de tapetes luxuosos, a maioria persas antigos.
Este edifício se soma ao enorme museu que o bilionário já tem fora de Doha, com uma coleção eclética de tudo, desde moedas antigas até arte islâmica, passando por carros esportivos americanos.
"Ele continua comprando", disse um qatariano.
De volta do Hospital de Falcões Souq Waqif, nos despedimos de nosso guia.
"Alguns dos donos (de falcões) realmente amam as aves. Eles os seguram perto do peito, dão beijos e cuidam deles como um membro da família", disse Mohammed.
A última dúvida é o que acontece com os falcões que não sobrevivem. Eles são enterrados?
Mohammed nega.
"Não, temos um crematório no andar de cima."
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