Em imagens: Como 'erros' podem resultar em fotos incríveis
Falta de foco, borrões, cortes malfeitos, sombras, superexposição, imagens tremidas. Todos os fotógrafos, amadores ou profissionais, já cometeram erros clássicos na hora de fazer suas imagens.
Mas será que não devíamos olhar esses acidentes como algo que transforma as fotos em algo totalmente diferente?
No livro Failed it! ("Fracassei", em tradução literal), Erik Kessels faz colagens de imagens de artistas e amadores que "aproveitam a glória da imperfeição". Seu argumento é que aquilo que tradicionalmente é visto como "errado" pode, na realidade, estar certo.
"E se re-imaginarmos o fracasso como uma das rotas mais seguras para o sucesso em vez de um caminho de perdição?", pergunta-se o fotógrafo.
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'Foto amadora de um cão'
Olhe bem para esta foto: será que se trata de um exemplo de péssimo timing ou uma feliz coincidência?
Uma bola de futebol temporariamente sobreposta sobre a cabeça de um cachorro resulta em uma imagem ao mesmo tempo surreal e cômica.
"O que muitos fotógrafos veem como um erro crasso pode se tornar uma poderosa fonte de inspiração", diz Kessels.
'Espelho'
André Thijssen e Matt Stuart levaram o conceito de "acidente fortuito" um passo adiante. Em sua busca por justaposições casuais, eles mostram a importância para um fotógrafo de manter sua atenção aguçada - as imagens de Thijssen já foram até descritas como "afiadores para os olhos".
O fotógrafo holandês gosta de percorrer becos e bairros obscuros procurando por elementos extraordinários e engraçados em meio ao cotidiano.
A foto Espelho captura o que Henri Cartier-Bresson reconhecidamente descreveu como "o momento decisivo" - aquele segundo em que o fotógrafo reconhece e capta a significância de um evento.
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'Quinta Avenida'
Se na foto de Thijssen uma imagem do retrovisor se torna mais nítida, Matt Stuart usa os erros para dar a um policial um "bigode".
Uma olhada rápida em ambas as fotos pode nos fazer concluir que os dois profissionais tiveram muita sorte. Mas Kessels argumenta que o que houve foi exatamente o oposto: "Muitos desses momentos que chamamos de fortuitos são, na realidade, resultado de manter os olhos bem abertos".
'Insetos'
Durante os últimos 15 anos, o fotógrafo suíço Kurt Caviezel monitorou 15 mil webcams de acesso público, procurando imperfeições e interferências inesperadas capazes de transformar a imagem.
Uma vista serena das pirâmides de Gizé - mostradas nesta foto de Caviezel - é estranhamente interrompida por um inseto gigante.
"Câmeras instaladas para melhorar a segurança acabaram se tornando um veículo para a criatividade", escreve Kessels em seu livro.
'MN3: CANES VENATICI'
"A fotografia não é apenas uma forma de documentação. É também uma ferramenta de manipulação", diz Kessels.
Joan Fontcuberta é um artista conceitual que explora a relação entre a fotografia e a verdade. Nesta série de 1993, o que ele descreve como novas constelações supervisionadas pela Nasa nada mais é do que poeira, sujeira e insetos esmagados contra o painel de para-brisas de seu carro.
Os truques de Fontcuberta desafiam ideias sobre o conhecimento imposto, a beleza e as regras da fotografia.
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'Love = love 10'
O artista nova-iorquino Kent Rogowski se inspira em objetos cotidianos, produzidos em larga escala, como ursos de pelúcia e quebra-cabeças.
Ele percebeu que os fabricantes de quebra-cabeças produziam peças de formato idêntico que poderiam ser trocadas de lugar.
Ao rearranjar as peças deliberadamente da maneira errada, Rogowski criou impressionantes imagens totalmente novas - longe do resultado mais convencional esperado.
Kessels acredita que o método do colega prova que as regras estão aí para serem quebradas.
'Rascunhos fotogenéticos #15'
Assim como Rogowski, Joachim Schmid cria novas imagens a partir do que é considerado "tecnicamente incorreto". Ele trabalha apenas com fotografias que foram perdidas ou descartadas por seus donos originais.
Quando encontrou uma caixa cheia de negativos cortados ao meio para não serem reutilizados, o artista combinou as imagens de modo a formar uma composição estranha mas cheia de fluidez.
Para Kessels, o trabalho de Schmid mostra que a criatividade é algo que pode ser encontrado em qualquer lugar. "Só porque alguém não viu o potencial de sua própria obra, não quer dizer que outro não possa aproveitá-lo", diz.
'Família com escultura'
Com esta observação bem-humorada do papel do erro na composição de uma imagem, Kessels argumenta que os artistas que trabalham com truques e imperfeições deveriam desafiar a percepção geral que se tem sobre o que é certo e o que é errado.
"O segredo é iniciar o processo criativo com uma mente aberta, para que você perceba as continuidades, as correspondências e as sobreposições que outras pessoas não notaram", escreve o autor.
Talvez seja algo para lembrar da próxima vez que uma foto de família acabar com essa cara.
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- Leia a versão original desta reportagem (em inglês ) no site BBC Culture .
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