Bala transformada em caneta é símbolo da assinatura de acordo de paz na Colômbia
Embora ainda dependa da aprovação de uma consulta popular, o acordo de paz assinado nesta segunda-feira entre o governo colombiano e o grupo paramilitar Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) marca o fim de um conflito que durou cinco décadas e deixou mais de 220 mil mortos.
E a ocasião torna-se ainda mais simbólica pelo uso do "balígrafo" para assinatura do documento pelo presidente Juan Manuel Santos e o líder guerrilheiro Timoleon Jimenez, o Timochenko.
Trata-se de uma caneta feita com um projétil reciclado - e cujo nome é um trocadilho com o substantivo "bolígrafo" (caneta em espanhol).
As canetas são feitas de munição desativada como parte do processo de paz. O governo colombiano encomendou os objetos em fevereiro, em parceria com uma agência de publicidade - um lote de 500 exemplares foi distribuído para historiadores, jornalistas e autoridades públicas.
Anistia
Cada "balígrafo" traz a inscrição "As balas escreveram nosso passado. A educação, nosso futuro".
Pelos termos do acordo, decididos no mês passado e que serão tema da consulta popular do dia 2, os dois lados concordaram em fazer um cessar-fogo.
As Farc entregarão as armas e se tornará um partido político, recebendo dez cadeiras no Parlamento (de um total de 268). O grupo paramilitar tem 180 dias para realocar seus 7,5 mil guerrilheiros em zonas de desarmamento estabelecidas pela ONU.
O acordo prevê anistia para "crimes políticos", mas o indulto não cobre tortura, chacinas ou estupros. As Farc também já se comprometeram a interromper a produção de drogas em áreas sob seu controle.
Santos afirmou que seu governo se compromete a ajudar os fazendeiros a sobreviver sem as colheitas ilícitas.
Ambos os lados também prometeram ajudar populações carentes em áreas rurais com terras, empréstimos e serviços.
Em uma entrevista, o presidente disse estar confiante de que a maioria dos colombianos votará a favor do acordo.
"As pesquisas mais recentes dizem que de 65% a 70% das pessoas aprovam o processo de paz", disse.
Ele alertou, no entanto, que o conflito vai recomeçar se o acordo for rejeitado nas urnas.
"Voltaremos seis anos no tempo e continuaremos a guerra com as Farc. Esse é o plano B."
No sábado, o segundo maior grupo paramilitar colombiano, o Exército de Libertação Nacional, anunciou um cessar-fogo unilateral até o referendo do próximo domingo.
O grupo quer iniciar seu próprio processo de paz com o governo.
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