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Califórnia, Nevada e Massachusetts legalizam uso da maconha

Manifestantes portam cartazes em apoio à liberação do uso medicinal da maconha na Flórida (EUA) - Amy Beth Bennett/South Florida Sun-Sentinel/AP
Manifestantes portam cartazes em apoio à liberação do uso medicinal da maconha na Flórida (EUA) Imagem: Amy Beth Bennett/South Florida Sun-Sentinel/AP

09/11/2016 08h41

Além de escolher o futuro presidente dos Estados Unidos, os eleitores norte-americanos também votaram em 154 referendos e plebiscitos em 35 Estados, sobre temas que iam da pena de morte e controle de armas à legalização da maconha e obrigatoriedade do uso de camisinhas em filmes pornôs.

De todos os pleitos, os grandes vencedores foram os que trataram sobre a legalização da maconha -- tanto para uso recreativo quanto medicinal -- e os que queriam a volta -- ou a manutenção -- da pena de morte. .

Foi o melhor desempenho eleitoral desde 2012, quando os Estados do Colorado e Washington aprovaram o uso recreativo da droga, segundo o jornal "The Washington Post".

Legalização da droga chega à Flórida

As consultas legalizaram o cultivo e o consumo recreativo da "cannabis" para os maiores de 21 anos na Califórnia, Massachusetts e Nevada. As projeções indicam aprovação também no Maine. No Estado do Arizona, porém, a legalização foi rejeitada.

Já na Flórida, Dakota do Norte e Arkansas, os eleitores aprovaram o uso apenas medicinal da maconha. O emprego da droga em tratamentos médicos agora passa a ser legal na maioria dos Estados (25, mais o distrito federal).

A Flórida torna-se o primeiro Estado sulista -- região reconhecidamente conservadora -- a adotar uma política fortemente liberal para a maconha.

Califórnia libera geral

Em 1996, a Califórnia foi um dos primeiros Estados a legalizar a utilização da "cannabis" com fins medicinais.

Agora, o Estado promete destinar o dinheiro arrecadado com os impostos sobre a venda e o cultivo da droga a programas sociais para os jovens, à proteção ao meio ambiente e à melhoria do policiamento.

"É uma grande vitória. Com a liderança da Califórnia agora, se aproxima rapidamente o fim da proibição da maconha em todo o país e até internacionalmente", disse ao "Washington Post" Ethan Nadelmann, diretor executivo da Drug Policy Alliance, organização sem fins lucrativos dedicada à legalização das drogas nos Estados Unidos.

Durante a campanha, no entanto, os críticos afirmaram que a aprovação também do uso recreativo abriria caminho para a promoção do consumo da droga em shows, colocando em risco a saúde e segurança de crianças e jovens.

Em Massachusetts, a nova lei já vai entrar em vigor em dezembro, com um sistema de taxação semelhante ao da Califórnia.

Desafio para o governo Trump

Numa recente entrevista ao canal de TV HBO, o presidente Barack Obama admitiu que o resultado dos referendos sobre a maconha poderia tornar "insustentável" a atual política do governo federal.

Pela lei federal norte-americana, a maconha continua proibida e está enquadrada na categoria reservada às drogas mais perigosas, como heroína.

Apesar de o governo federal respeitar a legislação dos Estados, o conflito entre as leis provoca vários problemas para empresas nesse mercado, entre eles a impossibilidade de abrir contas em bancos, que temem ser processados pela lei federal por receber dinheiro proveniente de cultivo ou venda de drogas.

Segundo analistas, a vitória do "sim" para uso recreativo, especialmente na Califórnia, poderia aumentar a pressão sobre o governo federal para mudar sua postura. Mas a vitória de Donald Trump torna incerto o rumo dessa política.

Vários Estados realizaram consultas populares sobre outros assuntos. Veja algumas:

Volta da pena de morte

No Nebraska, por exemplo, a pena de morte voltará a ser adotada -- no ano passado, a medida tinha sido abolida pelos legisladores estaduais.

Embora desde 1997 ninguém tenha sido executado no Estado, há 10 homens no corredor da morte.

A Califórnia é o Estado onde estão presos 25% dos condenados à morte nos Estados Unidos. Por lá, os eleitores rejeitaram a proposta de substituição da execução pela prisão perpétua com direito a liberdade condicional.

Oklahoma também votou pela volta da pena capital e ainda determinou que a medida não possa ser declarada uma punição cruel ou excepcional.

A expectativa é de que estes resultados influenciem a discussão nacional sobre a pena de morte, que ainda é adotada em 30 Estados e pelo governo federal, mas que já foi abolida por 20 Estados.

Suicídio assistido

No Colorado, os eleitores aprovaram o suicídio assistido de doentes terminais por meio de "medicamentos que possam ser administrados por eles mesmos" -- e passou a ser o sexto Estado do país a permitir o suicídio assistido.

Salário mínimo

Cinco Estados opinaram sobre o valor do salário mínimo. No Arizona, Colorado e Maine, o valor mínimo da hora subirá para US$ 12 (R$ 39) e em Washington para US$ 13,50 (R$ 44).

Já no Estado da Dakota do Sul, uma proposta de redução do salário mínimo para trabalhadores menores de 18 anos foi rejeitada: o valor foi mantido em US$ 8,50 (R$ 27,70).

Controle de armas

Os protestos da Associação Nacional do Rifle, a principal organização de defesa do porte de armas no país -- e que chegou a ser presidida pelo ator Charlton Heston --, não foram suficientes para impedir que o controle de armas passasse em três Estados.

Em Washington, a Justiça vai poder cassar o porte de armas em certos casos, como o de acusados de violência doméstica.

Na Califórnia, quem quiser comprar munição terá de passar por uma rigorosa verificação de antecedentes.

Com uma margem estreita, os eleitores de Nevada aprovaram uma checagem maior de antecedentes e a compra de armas apenas em revendedores autorizados.

O Maine manteve a tradição e rejeitou a proposta -- que tinha o apoio do bilionário Michael Bloomberg -- de verificação de antecedentes para compradores e vendedores de armas.

Mudança climática

Os eleitores de Washington rejeitaram o que teria sido o primeiro imposto sobre emissões de carbono. A proposta previa a cobrança de US$ 25 (R$ 81) por tonelada de dióxido de carbono a partir de 2018. A ideia era aumentar a taxação gradualmente durante 40 anos, até chegar a US$ 100 (R$ 326) por tonelada.

Camisinha e bolsas plásticas

Os moradores da Califórnia rejeitaram a ideia de obrigar os atores de filmes pornôs a usar preservativos durante as cenas de sexo.

Em outra consulta, esses eleitores aprovaram a proibição do uso de sacolas plásticas descartáveis no Estado.