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Brexit: O plano do governo britânico para a saída do Reino Unido da União Europeia

Odd Andersen/Agence France-Presse/Getty Images
Imagem: Odd Andersen/Agence France-Presse/Getty Images

17/01/2017 13h38

A primeira-ministra britânica, Theresa May, falou nesta terça-feira (17) sobre seu plano para a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit.

Em um discurso em Londres, a premiê declarou que o país não vai conservar nem "partes de sua filiação" à organização quando sair do bloco.

May expôs um plano de 12 pontos por meio dos quais o país deve cumprir o que foi determinado no plebiscito de 2016, no qual os britânicos decidiram deixar a UE.

Uma das questões mais discutidas e alvo de especulação desde o resultado da votação era se o Reino Unido continuaria fazendo parte do mercado comum europeu. Mas a primeira-ministra foi categórica: isso não vai acontecer.

Permanecer no mercado, afirmou, significaria aceitar os regulamentos do bloco sem ter voz no estabelecimento deles. Ela prometeu, no entanto, "pressionar para ter o maior acesso possível" ao mercado europeu.

Segundo May, participar da união aduaneira (área de livre-comércio com tarifas externas comuns) impediria que o Reino Unido pudesse negociar seus próprios acordos com outros países.

Votação no Parlamento

Sobre as negociações com o bloco, a premiê afirmou desejar um acordo comercial isento de tarifas. Além disso, acrescentou que o país não vai aceitar a jurisdição da Corte Europeia de Justiça.

O plano para o Brexit será posto em votação no Parlamento depois que se chegar a um acordo, avisou.

Nas palavras da primeira-ministra, o país está tentando fechar "um grande acordo tanto no exterior como no interior do país", e este é "um grande momento para a mudança nacional".

Entre os 12 pontos de negociação estão:

- Manter uma "área de livre circulação" entre o Reino Unido e a Irlanda.

- Estabelecer um comércio livre de tarifas com a União Europeia.

- Um acordo aduaneiro com o bloco.

- Uma continuação "prática" dos acordos para compartilhar inteligência e informações policiais.

- O "controle" dos direitos de imigração para os cidadãos da União Europeia no Reino Unido e para os cidadãos britânicos nos países bloco europeu.

Laura Kuenssberg, editora de assuntos políticos da BBC, afirmou que foram necessários mais de seis meses para os ministros do governo britânico esclarecerem o que realmente querem fazer - e parte do problema é que nem todos estão de acordo quanto à saída do bloco.

May foi acusada de atrasar a decisão, de falta de visão e de falta de capacidade para tomar decisões rápidas.

Mas os que defendem a premiê sugerem que ela estava usando a velha técnica da "ambiguidade construtiva".

"Agora isso acabou. Agora a mensagem que ela envia é simples e clara: 'estamos fora'", explicou a analista.

'Dar e receber'

A premiê indicou que as negociações com os europeus serão difíceis, mas que deve haver uma postura de "dar e receber" e que é preciso chegar a um acordo para os compromissos entre o Reino Unido e a Europa.

Ao explicar as razões de o Reino Unido ter decidido sair da União Europeia, afirmou que as tradições políticas são diferentes no país. Mas ressaltou desejar o melhor para o bloco e que não ser a sua intenção desfazer a união.

Segundo May, a vontade é continuar sendo o melhor amigo e vizinho dos sócios europeus, mas também um país que vá mais além das fronteiras da Europa.

A primeira-ministra encerrou seu discurso se referindo ao processo como uma "oportunidade para construir um Reino Unido verdadeiramente global".

O Reino Unido, afirmou, vai sair da União Europeia, mas não da Europa.