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A polêmica de Mack Beggs, transexual que se vê como homem, mas é invicto em torneios femininos

28/02/2017 07h02

Mack Beggs tem 17 anos e está em pleno processo de transição para o sexo masculino, mas ainda não pode lutar como tal.

É que, oficialmente, o Estado do Texas, nos Estados Unidos, ainda enxerga Beggs como uma mulher.

Entre aplausos e vaias, venceu no último sábado a lutadora Chelsea Sánchez, na categoria de 50 quilos, em um dos torneios mais dramáticos e polêmicos da história da luta escolar dos Estados Unidos.

Ninguém foi páreo para Beggs, que ganhou o principal troféu na categoria no torneio estadual. A vitória gerou críticas, mas nem Beggs, nem os adversários queriam estar ali.

As regras da University Interscholastic League (UIL, na sigla em inglês), órgão que regula competições de escolas públicas no Texas, não deixaram escolha. O regulamento estabelece que os lutadores devem competir de acordo com o sexo registrado no momento do nascimento.

Apesar dos protestos e pedidos lançados no início do mês, por conta dos riscos à saúde das meninas que enfrentariam Beggs, um exceção à regra não foi autorizada.

"Ela está ali de cabeça em pé como se fosse a vencedora", disse Patti Overstreet, mãe de um dos participantes da categoria masculina, ao jornal The Washington Post. "Ela não venceu. Ela trapaceou."

Testosterona

O que era para ser um simples torneio regional acabou ganhando atenção nacional e internacional graças à presença de Beggs, que teve que permanecer a maior parte do tempo distante dos demais participantes no ginásio onde ocorreram as lutas, na cidade de Houston.

Depois das tentativas frustradas de evitar sua participação, houve uma onda de renúncias de lutadoras frente à enorme chance de o título ir parar nas mãos de Beggs.

Uma das razões que justificavam esta expectativa era seu currículo de 52 vitórias em 52 lutas. Mas o assunto mais citado era a transformação de seu corpo por suplementos de testosterona, que começou a tomar há dois anos.

Em meio à polêmica, a UIL manteve o regulamento e obrigou Beggs a participar entre as mulheres. O órgão permitiu o uso de uma substância proibida entre atletas por ter sido receitada "por motivos médicos válidos".

Apesar disso, a UIL reconheceu em um comunicado que o artigo sobre o gênero de nascimento poderá ser modificado no futuro.

Se não houver mudança, o mais provável é que a polêmica continue, já que Beggs ainda precisa participar de torneios em nível escolar para saltar para as competições universitárias, onde poderá competir de igual para igual contra outros homens.