"Meu apartamento no Airbnb virou um bordel": uso de serviço para prostituição cresce no Reino Unido

A polícia no Reino Unido fez um alerta para proprietários que disponibilizam seus imóveis no Airbnb: eles podem estar sendo usados para prostituição.
Recentemente, a BBC foi procurada por um dono de apartamento que descobriu que seu imóvel no site de aluguéis de curto prazo tinha se transformado em um "bordel temporário".
Pessoas envolvidas com a indústria do sexo contam que a prática é comum. A prostituta Charlotte, por exemplo, usa o Airbnb em diferentes pontos do Reino Unido para trabalhar no que chama de turnês.
"Passo dois ou três dias aqui e ali. Construí uma base de clientes em diferentes regiões do país. Olha, na verdade estou alugando um apartamento, assim como faria em um hotel. Desde que deixe o imóvel do jeito em que encontrei, não vejo problema", disse ela à BBC.
Charlotte conta que tinha seu próprio local para atender clientes, mas que foi reconhecida por um vizinho quando participou de um documentário para a TV, em 2014, e foi expulsa do imóvel.
"Os custos de alugar um imóvel para fins comerciais são enormes. É preciso pagar quase dois meses de aluguel antecipadamente, e nem sempre isso é viável financeiramente", completa.
No início do ano, uma batida policial descobriu 14 bordéis improvisados em Newquay, balneário no sudoeste da Inglaterra. Segundo as autoridades, esses locais funcionam por períodos curtos e fazem publicidade discreta online.
Os argumentos de Charlotte, porém, não sensibilizaram Colin --nome que o senhorio "enganado" deu à BBC. Ele conta ter ficado chocado quando descobriu o uso de seu apartamento para prostituição.
"Decidi alugar o apartamento porque tinha me mudado. Estava cobrando 85 libras (cerca de R$ 350) por noite para até quatro pessoas, algo muito bom em comparação com um hotel. Quando fui procurado pelos locatários, que usaram o site do Airbnb, achei estranho quando eles quiseram pagar em dinheiro. E recusei", lembra.
"Depois, no dia em que terminava a reserva, pediram para deixar o imóvel mais tarde porque tinham 'feito uma noitada'. E assinaram a mensagem de texto com um nome estranho. Resolvi colocar no Google."
Colin, então, descobriu que tinha alugado o apartamento para uma dupla de prostitutas de luxo, que cobravam o equivalente a mais de R$ 5 mil por noite.
"Quando entrei no apartamento, ele cheirava a vinho e perfume. O cesto de lixo estava transbordando de camisinhas usadas e havia sete ou oito garrafas vazias. Pode parecer estranho, mas fiquei pensando como elas eram desleixadas com a limpeza para alguém que precisava disfarçar o que faz para continuar alugando imóveis", afirma.
O proprietário chamou a polícia porque disse ter ficado preocupado que seu nome fosse envolvido em algum delito. "Eles tomaram meu depoimento e tenho um protocolo. Mas não ouvi mais nada depois disso", diz.
"Fiquei um pouco desapontado, porque não quero que outras pessoas sejam enganadas. Quero até vender o meu apartamento."
No Reino Unido, a lei permite a "compra e venda" de sexo em certas condições, mas se mais de uma pessoa está oferecendo prostituição em um estabelecimento, isso constitui um bordel e é ilegal. O que Charlotte faz, pelo menos em termos de atividade, está dentro da lei.
O Brasil tem legislação parecida.
Procurado pela BBC, o Airbnb disse ter "tolerância zero com este tipo de comportamento" e que está investigando o caso.
"Mais de 160 milhões de pessoas em todo o mundo já usaram nossos serviços, e experiências ruins são bem raras", disse um porta-voz do site.
Charlotte diz que o Airbnb ajuda sua profissão, mas que ameaça sua segurança.
"Não temos a segurança de conhecer a área e tampouco de ter trabalhado lá, o que pode ser perigoso. Não podemos trabalhar com mais gente porque isso viola a lei, mas seria mais seguro."
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