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Por que 7 mil corpos podem estar enterrados sob campus universitário nos EUA

Caixões foram descobertos durante construção de estrada próximo ao campus - Universidade do Mississippi
Caixões foram descobertos durante construção de estrada próximo ao campus Imagem: Universidade do Mississippi

09/05/2017 17h11

Os restos mortais de pelo menos 7 mil pessoas podem estar enterrados embaixo da Universidade do Mississippi, na cidade de Jackson, segundo autoridades americanas.

Corpos dos pacientes da primeira instituição de saúde mental do Estado  - chamado de "Asilo dos Insanos" - estão enterrados em uma área de 20 acres, na qual os administradores da universidade queriam construir instalações.

O custo da exumação de todos os corpos pode chegar a US$ 21 milhões (R$ 65 milhões de reais) - mais que US$ 3 mil (R$ 9 mil reais) cada. Por isso, o Centro de Medicina do campus, onde os corpos foram descobertos, está procurando por alternativas mais baratas.

A universidade espera diminuir os custos fazendo a exumação no próprio local, segundo o jornal local, "The Clarion-Ledger". A previsão é que dessa forma o custo seja de US$ 400 mil (R$ 1,2 milhão) por ano durante os próximos oito anos.

Paralelamente, há um plano de criar um memorial e um laboratório onde os alunos possam estudar restos mortais, resquícios de roupas e de madeira encontrados no processo de exumação.

Acadêmicos da universidade formaram um grupo para estudar os restos. "Nós herdamos esses pacientes", afirma Ralph Didlake, chefe do Centro de Bioética e Humanidades Médicas. "Queremos demonstrar consideração e administração respeitosa", disse ele ao jornal "Clarion-Ledger".

"Seria um recurso único para o Mississippi", disse ao jornal Molly Zuckerman, uma professora de antropologia. "Faria da universidade um centro de dados históricos relacionados a saúde no período pré-moderno, especialmente a dos internados".

As obras para construção do Asilo dos Insanos terminaram em 1855 e o local permaneceu em operação até 1935.

Antes disso, os pacientes com doenças mentais frequentemente eram amarrados em correntes no porão das casas ou em cadeias.

De acordo com os registros, entre os 1.376 pacientes que foram internados no local entre 1855 e 1877, mais de um em cada cinco morreram.

Após a Guerra Civil dos Estados Unidos, o sanatório expandiu suas operações consideravelmente, chegando a abrigar 6 mil pacientes em seu maior pico.

Os primeiros caixões foram descobertos pela universidade em 2013 durante obras para a construção de uma estrada estava sendo construída perto do campus. Em 2014, as autoridades encontraram mais de mil ataúdes durante a construção de um estacionamento.