O que se sabe sobre os ataques ao Parlamento iraniano e ao mausoléu do aiatolá Khomeini
Pelo menos 12 pessoas morreram no que parece ser primeiro ataque extremista no país desde a Revolução Islâmica, de 1978.
Dois ataques de homens armados em Teerã nesta quarta-feira, contra o Parlamento iraniano e ao mausoléu do aiatolá Khomeini, deixaram pelo menos 12 mortos e cerca de 40 feridos.
O ataque ao prédio do Parlamento parece já ter terminado, após horas de tiroteios. No ataque ao mausoléu, um homem-bomba se explodiu e outro foi morto a tiros.
Autoridades iranianas afirmam ter conseguido frustrar a tentativa de um terceiro ataque.
O Estado Islâmico (EI) reivindicou a responsabilidade pelos ataques, algo até então inédito no Irã. O grupo extremista islâmico divulgou um vídeo que mostra o que seriam imagens de dentro do prédio do Parlamento.
A mídia iraniana disse que quatro indivíduos foram mortos por forças de segurança no interior do prédio. Ainda não está claro se a soma de 12 mortes inclui os responsáveis pelos ataques.
Cerca de 40 pessoas foram feridas nos dois atentados, de acordo com o chefe do serviço de emergência Pir Hossein Kolivand.
Invasão
O prédio do Parlamento foi invadido por homens armados de fuzis Kalashnikov, supostamente vestidos de mulher.
Imagens do local mostraram uma grande operação de segurança e barulho de tiros.
Autoridades iranianas negaram que pessoas tinham sido feitas reféns dentro do Parlamento.
Um porta-voz, Ali Larijani, minimizou o ataque, chamando-o de "incidente menor".
O ataque ao mausoléu no sul de Teerã dedicado ao fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, teria ocorrido por volta das 10h40 do horário local (3h10 de Brasília).
Um dos autores do ataque morreu ao detonar um colete-bomba e outro foi morto por forças de segurança, segundo a TV estatal Irib.
Imagens do local mostram granadas e cartuchos de armas sendo aparentemente recolhidos do corpo de um agressor.
Pelo menos um dos envolvidos parece ser uma mulher, ou talvez estivesse vestido de mulher.
Várias pessoas que visitavam o lugar foram feridas.
Contexto - por Jenny Norton, do serviço persa da BBC
Este parece ser o mais grave incidente de violência terrorista em Teerã desde os turbulentos anos logo após a Revolução Islâmica de 1979.
Isto será um grande choque para os iranianos, que se acostumaram a viver num país que geralmente é muito mais estável e seguro do que a maioria de seus vizinhos.
Apesar do ativo envolvimento do Irã no combate ao EI tanto no Irã como na Síria, o grupo sunita até então não tinha realizado ataques no interior do Irã, e parece ter pouco apoio no país predominantemente xiita.
Entretanto, nos últimos meses, o grupo intensificou os esforços de propaganda na língua farsi - com foco na minoria sunita rebelde do Irã, e as agências de inteligência afirmam ter frustrado uma série de possíveis ataques do EI.
Análise - da equipe de monitoramento da mídia jihadista da BBC
O EI divulgou este ano uma série de peças de propaganda com o objetivo de incitar ataques dentro do Irã.
Um vídeo com o estilo documental do EI mostrou, em março, militantes que eram introduzidos como combatentes iranianos do EI no Iraque.
Falando em farsi, eles criticaram o governo iraniano e o establishment religioso, incluindo o líder espiritual do país, o aiatolá Ali Khamenei.
Um ataque no Irã, se for bem-sucedido, poderia ser um triunfo importante contra um inimigo tradicional que outros grupos jihadistas, incluindo seu rival Al-Qaeda, nunca conseguiram.
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