'Eu matei mais de 100 pessoas': Estado indiano investiga abusos em anos de conflito sangrento com grupos rebeldes
Herojit Singh é um policial que opera no Estado de Manipur, no noroeste na Índia, região que há décadas presencia um sangrento conflito entre forças de segurança e grupos rebeldes.
Singh é um dos poucos agentes a falar sobre a violenta rotina que enfrenta e confessou publicamente ter matado mais de cem pessoas ao longo do confronto.
Casos parecidos como o de Singh, até então não tratados abertamente na Índia, podem vir a público agora com a abertura de uma investigação determinada pela Suprema Corte para apurar execuções extrajudiciais.
Nos últimos anos, houve uma escalada de violência do conflito armado, o que levou à morte de muitos civis, em números ainda não oficialmente reconhecidos.
Organizações de defesa dos direitos humanos estimam que mais de 1,5 mil assassinatos foram cometidos pelas forças de segurança nos últimos anos no Estado.
Mas o governo contesta. E acrescenta que 1.214 civis, além de 365 policiais, foram mortos por insurgentes - entre eles, grupos maoístas, acusados de terem sido financiados pela China - entre 2000 e 2012.
Manipur tem sido palco de confrontos entre forças do governo e grupos separatistas desde os anos 1960. Mais de 30 grupos étnicos armados chegaram se rebelar contra o Estado.
Uma polêmica lei de 1958 empoderou as Forças Armadas para atuar no conflito e amenizou a responsabilidade dos policiais caso cometessem mortes "por engano" de civis ou em "circunstâncias inevitáveis".
Desde o ano passado, no entanto, grupos de direitos humanos ganharam mais autonomia da Justiça para coletar informações sobre essas mortes, muitas envolvendo a população mais pobre.
E agora, as evidências que foram coletadas servirão de base para a investigação formal, que poderá implicar legalmente os policiais envolvidos nos assassinatos.
Entre as cem mortes cometidas por Singh, um caso que se tornou notório foi o de um jovem de 23 anos executado numa farmácia em 2009 a pedido de seu chefe na polícia:
"Se estava certo ou errado, eu não tinha poder para evitar aquilo", afirmou à BBC.
"Eu disse para ele que era um lugar público e que aquilo não estava certo. Ele disse que tinha falado com seus superiores. Então mandou fazer aquilo".
Gravação e edição de Varun Nayar e Kunal Sehgal. Entrevistas de Soutik Biswas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.