Comissão aprova relatório recomendando que Câmara rejeite denúncia contra Temer
Em resultado dentro do esperado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira relatório contra o andamento da denúncia que acusa o presidente Michel Temer e seus ministros Edson Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) de formação de quadrilha e obstrução de Justiça.
Foram 39 votos contra a possibilidade de Temer ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), 26 a favor de autorizar a abertura do processo e uma abstenção.
A decisão final, no entanto, cabe ao plenário de Câmara, que deve analisar a denúncia na próxima quarta-feira. São necessário 342 votos dos 513 deputados para que o Supremo possa analisar se dá prosseguimento ao caso - caso isso ocorresse, o presidente seria afastado do cargo.
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Em agosto, a primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, foi barrada ao receber aval de 263 deputados e o veto de 227.
Pesquisas de opinião mostram que o presidente tem apenas 3% de apoio da população, mas ainda assim espera-se que ele vai sobreviver à segunda acusação movida pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O deputado Julio Delgado, líder do PSB, reconhece que a tarefa da oposição de aprovar o andamento da denúncia é difícil. "Acredito que temos 15% de chance de aprovar. É baixa, mas não é zero", afirmou à BBC Brasil.
Confiança
Parlamentares da base manifestam confiança na vitória do presidente. Os principais argumentos usados pelos aliados de Temer nos debates da CCJ foi desqualificar a denúncia, citando a controvérsia em torno da legalidade da delação da JBS, e defender que a manutenção do governo é importante para a retomada da economia.
"Não se troca presidente da República como se troca técnico de time de futebol", argumentou o vice-líder do governo, deputado Beto Mansur (PRB-SP).
Na nova denúncia, Janot acusou o presidente de ter tentado parar a Lava Jato. Ele teria feito isso ao dar o aval para que o empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, "comprasse" o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do suposto operador do PMDB, o empresário Lúcio Funaro.
Além disso, Janot acusa o presidente de ser o chefe de um grupo criminoso, que seria formado por políticos do PMDB na Câmara dos Deputados.
Para a Procuradoria-Geral da República, Temer era o braço político da suposta quadrilha. Foi responsável por viabilizar os interesses de empreiteiras e outras empresas dentro do Congresso em troca de subornos.
Além da delação da JBS, o acordo de delação de Lúcio Funaro também forneceu elementos para a nova denúncia.
Em sua defesa, Temer se diz vítima de uma "conspiração" e cita os indícios de possíveis ilegalidades na condução da delação da JBS pela Procuradoria.
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