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Quem é Paul Manafort, o homem que ajudou Trump a ser eleito e agora está na mira da Justiça

30/10/2017 19h39

Quando começou a fazer parte da campanha presidencial de Donald Trump, em março de 2016, Paul Manafort era um nome de pouca expressão em Washington.

O ex-consultor político já havia trabalhado em campanhas presidenciais do Partido Republicano - entre elas, a 1976, que elegeu Gerald Ford - e em outras ao redor do mundo. Esperava-se que seus 40 anos de experiência política pudessem ajudar a amenizar um pouco as polêmicas ao redor de Trump.

Ele defendeu uma campanha mais disciplinada e convencional, com discursos que seguiam à risca o roteiro e os teleprompters (equipamento muito usado em gravações de TV e publicidade que exibe o texto a ser lido), em vez da abordagem imprevisível do então candidato.

O veterano mal chegou e logo foi promovido a chefe da campanha do hoje presidente americano. Viu de perto o crescimento de Trump, que culminou em sua nomeação como candidato republicano à Presidência.

Mas o próprio Manafort se viu envolto em uma grande polêmica. Agora, ele responde às acusações de um inquérito federal sobre lavagem de dinheiro e conspiração contra os Estados Unidos, que envolvem suspeitas de ligação com a Rússia.

'Sem sentido'

Nascido na Nova Inglaterra, em Connecticut, em 1º de abril de 1949, Paul Manafort estudou Direito na Universidade Georgetown. Ele trabalhou com outros republicanos renomados, como os ex-presidentes Ronald Reagan e George Bush, além de Bob Dole, que perdeu as eleições de 1996 para Bill Clinton.

Antes de ter se envolvido com a antiga União Soviética, trabalhou para o ditador Ferdinand Marcos, que governou as Filipinas por 21 anos, o ex-presidente do Zaire (hoje República Democrática do Congo), Mobutu Sese Seko, e o líder recente dos rebeldes angolanos, Jonas Savimbi.

Mas foi seu trabalho mais recente na Ucrânia que levantou as suspeitas.

Enquanto Manafort estava cuidando da campanha, o Partido Republicano mudou a linguagem do seu posicionamento sobre o conflito no país, retirando o sentimento "anti-Rússia" - algo que teria sido feito a pedido de dois representantes da campanha de Trump.

Seu trabalho com o então candidato terminou em agosto de 2016, quando ele renunciou ao cargo após notícias a respeito da consultoria que ele teria prestado para o hoje deposto presidente ucraniano pró-Rússia quando ele ainda estava no cargo.

O jornal The New York Times noticiou que o governo ucraniano havia divulgado comprovantes de pagamento de mais de US$ 12 milhões em dinheiro por seu trabalho como conselheiro para Víktor Yanukovych - dinheiro que não teria sido declarado ao fisco americano.

Ele negou de forma veemente as acusações e reiterou que não cometeu crime. "A suspeita de que eu teria aceitado pagamentos em dinheiro não tem fundamento, é boba e sem sentido", afirmou à rede NBC.

Os pagamentos direcionados a ele foram "para toda a equipe política, de campanha, pesquisa, anúncios de TV, etc.", afirmou.

A campanha de Trump não justificou sua saída à época - apenas divulgou uma nota genérica desejando sorte no seu futuro.

Desde então, a polêmica que liga Manafort à Rússia só cresceu.

Alvo do FBI

Também surgiram suspeitas de que ele tenha trabalhado secretamente para um bilionário russo para ajudar o presidente Vladimir Putin a atingir seus objetivos em outras partes da antiga União Soviética - algo que Manafort negou.

Em junho, ele se registrou de maneira retroativa no Departamento de Justiça dos Estados Unidos como agente estrangeiro pelo serviço de consultoria prestado entre 2012 e 2014 para o partido do ex-presidente ucraniano. E confirmou a informação de que sua empresa, a DMP International, havia recebido mais de US$ 17 milhões do Partido das Regiões da Ucrânia.

Depois, em julho, o filho de Donald Trump admitiu ter encontrado um advogado russo antes da eleição - ele teria prometido revelar um material prejudicial à campanha da democrata Hillary Clinton. Manafort estaria presente nesta reunião.

No mês seguinte, seu porta-voz confirmou que o FBI havia conduzido uma busca em sua casa na Virgínia durante a madrugada e apreendido arquivos e outros materiais.

Depois, foi noticiado que ele estava sendo grampeado pelo FBI por causa de suspeitas a respeito de suas ligações com Moscou. O grampo foi autorizado por mandado judicial e teria acontecido antes e depois das eleições.

O FBI está comandando uma das várias investigações sobre a suposta intervenção russa na eleição americana do ano passado. Manafort entregou arquivos para o Comitê de Justiça do Senado e para os Comitês de Inteligência do Senado e da Câmara para suas respectivas investigações sobre a Rússia.