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Terremoto na fronteira entre Irã e Iraque já é o que mais matou em 2017

Carro é atingido por destroços após terremoto na província de Hermanshah, no Irã - Pouria Pakizeh/ Isna/ AFP
Carro é atingido por destroços após terremoto na província de Hermanshah, no Irã Imagem: Pouria Pakizeh/ Isna/ AFP

13/11/2017 15h45

Com mais de 400 mortos e 7 mil feridos, o terremoto que atingiu no domingo uma região montanhosa na fronteira entre o Irã e o Iraque já é considerado o mais mortífero deste ano.

Uma grande operação de buscas está em curso para resgatar quem possa estar preso sob os escombros deixados pelo tremor de magnitude 7.3.

A maioria das mortes foi registrada na parte oriental do Irã, em Sarpol-e-Zahab, cidade localizada a 15 km da fronteira, e em outras partes da Província de Kermanshah.

O principal hospital da cidade ficou seriamente danificado pelo tremor, dificultando ainda mais o tratamento de centenas de feridos, segundo a emissora estatal do país.

O fornecimento de água e energia foi interrompido em algumas cidades e, após alguns edifícios caírem, habitantes dessas localidades foram evacuados e tiveram de passar a noite em parques e nas ruas em meio ao clima frio.

"Precisamos de abrigo", disse um homem em Sarpol-e Zahab à emissora pública iraniana. "Onde está a ajuda? Onde está a ajuda?, repetiu."

Uma agência humanitária informou que 70 mil pessoas precisam de abrigo depois do terremoto.

Centenas de mortos

Antes desse tremor, o abalo sísmico com o maior número de vítimas deste ano havia sido registrado no México, quando ao menos 369 pessoas morreram na capital e seus arredores após um tremor de magnitude 7.1 em 19 de setembro.

Doze dias antes, também no México, um outro terremoto, de magnitude 8.1, o mais intenso do país em um século, fez ao menos 90 vítimas fatais.

Autoridades do Irã informaram que 413 pessoas morreram no país desde ontem. Entre as vítimas, estava o comandante do Exército iraniano, segundo a emissora estatal IRINN.

No Iraque, nove pessoas morreram, segundo disse um porta-voz da Cruz Vermelha à BBC. O escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) no país disse que mais de 500 pessoas ficaram feridas e que o tremor foi sentido nas cidades de Irbil, Sulaimaniya, Kirkuk e Basra, além da capital Bagdá.

Muitas casas dessa região montanhosa, que é predominantemente curda, são feitas com tijolos de lama e vulneráveis a abalos tão intensos quanto o do último domingo.

Deslizamentos de terra tornaram mais difícil o trabalho de equipes de resgate para chegar aos atingidos nas zonas rurais, e há o receio de que uma barragem no Iraque, que foi danificada pelo tremor, se rompa.

O terremoto ocorreu às 21h18 do horário local (16h18 do horário de Brasília) a cerca de 30 km a sudoeste de Halabja, próximo da fronteira nordeste com o Irã.

Mais de um 1,8 milhão de pessoas vivem em um raio de 100 km de distância do epicentro do abalo, de acordo com estimativas da ONU.

O tremor se deu a uma profundidade relativamente pequena, de 23,2 km. Abalos também foram sentidos na Turquia, em Israel e no Kuwait.

Vulnerabilidade

O Irã é uma das regiões do mundo em que terremotos são frequentes. O país já foi atingido por tremores intensos no passado.

Em 2003, um terremoto de magnitude 6.6 destruiu a cidade histórica de Bam, matando 26 mil pessoas.

O principal motivo da vulnerabilidade a esse tipo de fenômeno geológico é o encontro entre as placas tectônicas Arábica e Eurasiática.

No sudeste do país, a placa Arábica está entrando debaixo da Eurasiática, enquanto, no noroeste, há um atrito direto entre elas. As montanhas Zagros são um resultado disso.

O tremor de domingo foi o mais mortífero do Irã dos últimos cinco anos, mas é apenas o sexto de magnitude 7.0 ou maior neste ano no mundo - houve 16 desse tipo em 2016 e 19 em 2015.