Resgate na Tailândia: sete momentos emocionantes de operação heroica que resgatou os meninos da caverna
O bem-sucedido resgate na Tailândia que tirou os 12 meninos e seu técnico de futebol do interior do complexo de cavernas de Tham Luang, no norte do país, foi marcado por momentos de muita emoção, ansiedade, tristeza e júbilo.
Os garotos fazem parte do time de futebol Wild Boars e têm entre 11 e 17 anos. Eles haviam entrado na caverna no dia 23 de junho depois de um treino, e acabaram surpreendidos por fortes chuvas que inundaram o local e bloquearam a saída. Eles foram encontrados por mergulhadores na semana passada, após nove dias. Estavam famintos, mas sem ferimentos graves.
A enorme operação de três dias para salvá-los ocorreu sob o olhar atento de todo o mundo. Ao fim, todos saíram da rede de cavernas com vida.
Confira a seguir os principais momentos dos 18 dias que os meninos passaram na caverna.
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Crianças desaparecem após treino
Ainda longe dos holofotes da imprensa internacional, o primeiro drama foi enfrentado pelos pais naquele 23 de junho quando receberam a informação de que 11 bicicletas haviam sido encontradas do lado de fora de uma caverna conhecidamente perigosa durante a estação de chuvas.
Eram por volta de três da tarde e um temporal havia caído sobre a região. As crianças haviam se reunido às 10 da manhã para seu treino rotineiro de futebol e estavam desaparecidas.
Buscas em região de cavernas
Nas primeiras horas do dia 24, começaram as buscas que passaram a ser acompanhadas pelo mundo inteiro, atraindo para o país especialistas em resgates em cavernas inundadas. Um dos integrantes da equipe de futebol, que não havia comparecido ao treino, disse que os meninos haviam visitado outras três vezes a caverna, mas nunca durante a arriscada estação de chuvas.
Ele indicou ainda, em entrevista à imprensa tailandesa, que havia, sim, planos de marcar o aniversário de um dos membros do time visitando o local naquele dia.
Mergulhador encontra crianças com vida
O grupo estava desaparecido havia 9 dias e muitos já haviam perdido as esperanças. Foi quando, finalmente, mergulhadores britânicos encontraram as crianças e o técnico com vida em um nicho elevado dentro da profunda rede de cavernas. Eles estavam a 4 quilômetros da entrada.
O vídeo em que o mergulhador conversa em inglês com uma das crianças correu o mundo. Os meninos contam com a ajuda de um dos membros da equipe, Adul Samon, de 14 anos, refugiado de Mianmar, que fala inglês.
"Quantos vocês são?", perguntou o mergulhador assim que avistou os meninos aglomerados sobre uma rocha, tentando se manter distantes da água que inundou a caverna. "Somos só dois. Mas muita gente está vindo", diz o mergulhador. O capítulo mostrava o que era possível alcançar unindo os melhores talentos internacionais por uma causa.
"Somos treze", respondeu o adolescente, em inglês, para então perguntar "que dia é hoje" e dizer que todos estavam famintos. Os mergulhadores responderam que é "segunda-feira" e que o grupo já estava havia mais de uma semana na caverna. Eles também explicaram que precisavam deixar os jovens lá, porque tiveram que mergulhar para chegar até o local.
Mas acrescentam: "Somos só dois. Mas muita gente está vindo. Mais gente está vindo aqui. Vocês são muito fortes, muito fortes."
Em outra filmagem divulgada pelas equipes de resgate, Adul diz, em tailandês: "Eu sou o Adul. Estou bem de saúde". E faz o tradicional gesto tailandês "wai" de cumprimentar - que simboliza respeito ao outro.
Meses na caverna?
Os momentos de alegria, no entanto, não duraram muito e foram logo substituídos pela angústia em relação ao resgate quando autoridades admitiram que os 13 talvez tivessem que permanecer no local por meses, até o fim da estação de chuvas.
Essa hipótese, no entanto, foi rebatida pouco depois quando uma avaliação mais minuciosa do local onde se encontravam indicava o risco de elevação do nível da água com a previsão de mais chuvas.
Mergulhador morre
No dia 5 de julho, a notícia da morte do ex-mergulhador da Marinha tailandesa Suman Gunan deixa claro o grau de risco da missão. Ele tinha 38 anos, era triatleta e havia se voluntariado a participar da operação de resgate. Ele havia levado suprimentos e oxigênio para o grupo. No retorno, teria ficado ele próprio sem ar suficiente. Integrantes da equipe de resgate relataram que a morte não seria em vão e serviria para aumentar o propósito da missão.
Cartas e pedidos de comida
O grupo envia cartas para a família e amigos. Na troca de cartas, divulgada na página de Facebook da Marinha tailandesa no sábado, 7 de julho, os meninos deram notícias aos familiares e foram encorajados a se manterem calmos enquanto esperam o resgate.
"Não se preocupem, estamos fortes. Professora, não nos dê muito dever de casa!", brincou um deles. Outro escreveu: "Nick ama papai, mamãe e os irmãos. Se eu conseguir sair, mãe e pai, por favor me tragam mookatha (tipo de churrasco tailandês) para comer".an, que é chamado de "Titan" pelos amigos, pediu que o irmão "esteja preparado para me trazer frango frito".
Outro deles, Bew, se mostrou preocupado em ajudar a mãe em sua loja. "Não se preocupem, mãe e pai. Bew desapareceu por duas semanas. Mas depois foi ajudar mamãe a vender as coisas na loja. Vou correndo para lá", disse.
Em uma carta separada, o técnico Ekkapol Chantawong pediu desculpas aos pais das crianças, mas os familiares responderam que ele não deveria se culpar. Em sua carta, o técnico de 25 anos disse aos pais que "todos os meninos estão bem, a equipe de resgate está nos tratando bem"."E eu prometo que vou cuidar das crianças o melhor que puder... Peço desculpas sinceras aos pais."
Urgência no resgate e missão cumprida
O resgate começa na manhã de domingo, 8 de julho. O risco de mais chuvas tornava o resgate urgente. Já no primeiro dia, quatro são retirados da caverna. A missão é bem-sucedida nos dois dias seguintes, terminando com cinco resgates nesta terça-feira.
Noventa mergulhadores
Noventa mergulhadores estão envolvidos na operação de resgate - 40 tailandeses e 50 estrangeiros. Tirar os meninos e o técnico de lá era ainda mais complicado porque há sessões na caverna que envolvem mergulho - algumas vezes em um espaço muito estreito - e outras que requerem equipamento de montanhismo.
Submarino rejeitado
O drama dos meninos atraiu a atenção do mundo todo, e logo vieram sugestões e ofertas de ajuda para tirar o grupo da caverna em segurança. Uma delas veio do empresário bilionário do ramo de tecnologia Elon Musk, que chegou a oferecer seus serviços ao governo tailandês para ajudar na operação de resgate de 12 meninos e seu treinador de futebol, presos em uma caverna inundada.
Em uma série de tuítes, o dono da Tesla afirmou que a experiência acumulada em seus mais diferentes negócios poderia ser útil para a equipe que trabalha no salvamento. Uma das últimas sugestões do empresário foi a de construir um minissubmarino feito com pedaços de foguetes. Mas o governo tailandês gentilmente recusou a oferta, preferindo seguir em frente com seu plano original de usar mergulhadores, o que provou ser um sucesso.
Caminho difícil
Para sair do local - localizado a mais de 800 metros abaixo do solo - os meninos e o técnico precisaram andar nas rochas, caminhar na água, escalar e mergulhar - tudo na completa escuridão - com o auxílio de cordas colocadas ao longo do percurso para guiá-los. Segundo o governo tailandês, que divulgou o plano do resgate, os garotos foram divididos em quatro grupos e transportados um a um. O treinador estava neste último grupo.
"Eu não consigo entender o quão calmas essas crianças são, sabe? Pensando em como elas foram mantidas na caverna por duas semanas, sem ver suas mães...São crianças incrivelmente fortes. Isso é quase inacreditável", diz o mergulhador Ivan Karadzic, quando a operação de resgate na Tailândia ainda estava em curso.
Karadzic era um dos integrantes da equipe de resgate internacional. Seu trabalho era o de cuidar do translado dos meninos em um trecho bastante complicado no meio do trajeto. Ele ressaltou que "nenhuma criança jamais mergulhou dessa maneira".
Quem são os adolescentes que ficaram presos na caverna?
Os garotos que ficaram presos na caverna fazem parte do time de futebol Wild Boars e têm entre 11 e 17 anos. Acredita-se que eles foram para a caverna no dia 23 de junho, após um treino, para comemorar o aniversário de um dos colegas.
Teriam levado apenas alimentos básicos e acabaram presos por causa da inundação.
- Chanin Vibulrungruang, 11 (Apelido: Titan) - começou a jogar futebol aos 7 anos de idade;
- Panumas Sangdee, 13 (Apelido: Mig) - escreveu aos pais: "A Navy Seals (a força de operações especiais da Marinha) está cuidando bem de mim";
- Duganpet Promtep, 13 (Apelido: Dom) - capitão do time de futebol. Estaria sendo sondado por vários clubes profissionais da Tailândia;
- Somepong Jaiwong, 13 (Apelido: Pong) - sonha em jogar na seleção tailandesa;
- Mongkol Booneiam, 13 (Apelido: Mark) - descrito pelo professor como "um bom garoto e muito respeitoso";
- Nattawut Takamrong, 14 (Apelido: Tern) - disse aos pais que não se preocupem com ele;
- Ekarat Wongsukchan, 14 (Apelido: Bew) - prometeu à mãe que a ajudaria uma vez que fosse resgatado;
- Adul Sam-on, 14 -refugiado de Mianmar e membro de uma equipe de vôlei classificada em segundo lugar em um torneio no norte da Tailândia;
- Prajak Sutham, 15 (Apelido: Note) - descrito por amigos da família como um "rapaz inteligente e tranquilo";
- Pipat Pho, 15 (Apelido: Nick) - pediu aos pais, na carta, que o levem para comer churrasco quando for resgatado;
- Pornchai Kamluang, 16 (Apelido: Tee) - disse aos pais: "não se preocupem, eu estou muito feliz";
- Peerapat Sompiangjai, 17 (Apelido: Night) - fez aniversário no dia em que o grupo entrou na caverna para comemorar e os pais dizem que o esperam agora para fazer sua festa;
- Treinador assistente Ekapol Chantawong (apelido: Ake), de 25 anos - em carta aos pais dos garotos, pediu desculpas pelo ocorrido, mas eles responderam que não o culpavam.
Readaptação
Autoridades sanitárias explicaram que nessa fase de readaptação fora da caverna, inicialmente eles receberam comidas instantâneas e géis energéticos, mas agora estão comendo alimentos fáceis de digerir. Alguns dos meninos também já viram seus pais - mas apenas através de um vidro para reduzir chances de eventual contaminação.
Resultados de exames complementares são esperados dentro de alguns dias e se todos os sinais de infecção tiverem desaparecido, a expectativa é que as famílias possam visitá-los. No entanto, terão de vestir roupas de proteção e de ficar a até 2 metros de distância.
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