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Como é a 'limpeza espiritual' dos meninos da caverna na Tailândia

24.jul.18 - O técnico Ekkapol Chanthanwong e seu time em uma cerimônia budista - Sakchai Lalit/AP
24.jul.18 - O técnico Ekkapol Chanthanwong e seu time em uma cerimônia budista Imagem: Sakchai Lalit/AP

24/07/2018 07h56

Onze dos 12 meninos resgatados da caverna na Tailândia darão nesta terça-feira os primeiros passos para serem ordenados noviços budistas. Eles terão suas cabeças raspadas e vestirão trajes especiais para uma cerimônia que começa hoje.

O treinador do time Javalis Selvagens, que ficou com os meninos por 17 dias no complexo de cavernas de Tham Luang, também participa da cerimônia e será ordenado monge.

Adul Sam-on, que é católico, é o único dos meninos que não participa da cerimônia. O budismo é a principal religião da Tailândia e é seguido por mais de 90% da população.

Os meninos passarão nove dias em monastérios diferentes, meditando, orando e fazendo trabalhos de limpeza - uma tradição para homens na Tailândia que enfrentaram situações de adversidade.

O número de dias da empreitada - nove - é tido como número da sorte entre os tailandeses.

24.jul.18 - Monges budistas em cerimônia para o time de futebol resgatado em caverna da Tailândia - Soe Zeya Tun/Reuters - Soe Zeya Tun/Reuters
24.jul.18 - Monges budistas em cerimônia para o time de futebol resgatado em caverna da Tailândia
Imagem: Soe Zeya Tun/Reuters

É uma espécie de "limpeza espiritual" para o grupo, que ficou mais de duas semanas presos em uma caverna inundada até ser resgatado, em uma tensa e arriscada operação.

Depois, eles passaram uma semana em um hospital, onde receberam tratamento médico e psicológico.

'Limpeza espiritual'

"Eles devem passar um tempo no monastério. É para proteção deles", explicou Seewad Sompiangiai, avô de um dos meninos. "É como se eles estivessem morrido, mas agora renasceram."

Assim, os meninos cumprem uma promessa feita pelas famílias pelo seu retorno com vida e para homenagear o mergulhador tailandês Saman Gunan, que morreu quando participava da operação de resgate.

O técnico de futebol dos garotos, Ekkapol "Ake" Chantawong, se juntará ao grupo, mas como monge, e não como noviço. O treinador já tinha passado tempo em um monastério como noviço antes.

Apesar de Chantawong ter sido criticado por ter levado os meninos para a caverna, ele também ganhou elogios por ter ajudado o grupo ensinando técnicas de meditação para mantê-los calmos e usar a menor quantidade de ar possível durante os dias que passaram sozinhos, no escuro e sem comida.

Operação arriscada na Tailândia

A extraordinária história do grupo resgatado foi acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo desde o dia 23 de junho, quando eles entraram na caverna após um treino de futebol. Eles ficaram presos no local por causa das cheias.

Os 12 meninos e o técnico passaram nove dias no local até serem encontrados por dois mergulhadores britânicos. A operação de resgate só começou seis dias depois.

A operação foi tensa e perigosa. Saman Gunan morreu enquanto levava tanques de oxigênio para o grupo.

Os meninos foram levados por mergulhadores experientes através de passagens estreitas e submersas. Eles foram sedados para não entrar em pânico e facilitar a travessia - a maioria deles não sabia nadar.

Foram necessários três dias para tirar todos os 13 da caverna.

Centenas de voluntários, mergulhadores e militares participaram dos esforços para resgatar o grupo.

O complexo de cavernas foi fechado, mas autoridades admitem que, no futuro, pode ser reaberta como uma atração turística.