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O assassinato brutal que levou Anne Hathaway a se engajar contra o racismo nos EUA

Da Redação - BBC News Mundo

27/07/2018 18h05

"Tudo aconteceu num estalar de dedos, tão rápido quanto a queda de um alfinete."

Foi com estas palavras que o chefe da polícia ferroviária de São Francisco (EUA), Carlos Rojas, descreveu o assassinato de Nia Wilson, numa entrevista a jornalistas nesta segunda-feira.

A jovem afro-americana de 18 anos de idade foi assassinada na noite de domingo, em Oakland, no Estado da Califórnia.

Ela e sua irmã, Lahtifa, estavam voltando para casa de trem, após um evento familiar. Foram esfaqueadas - apenas Lahtifa sobreviveu.

"(O crime contra Nia e Lahtifa) Me lembra um ataque no pátio de uma cadeia", disse Rojas. "Tudo acontece tão rápido que, antes que alguém possa reagir, o criminoso sai correndo", disse.

O principal suspeito do crime se chama John Lee Cowell, e está preso.

O policial Rojas disse que Cowell saiu da prisão há quatro meses, e se encontrava em liberdade condicional. Ele já havia sido condenado por roubo e espancamento.

Suspeita de motivação racial

O homem viajou no mesmo vagão que as irmãs Wilson até a plataforma de MacArthur, onde ocorreu o crime.

Segundo Rojas, as imagens do circuito interno de TV do trem mostram que as duas não interagiram com Cowell até o momento do ataque.

Lahtifa, irmã da vítima, disse à rede de TV americana ABC 7: "Quando olhei para trás, ele estava limpando a faca. Parou na escada e ficou me olhando", disse ela. "Eu estava cuidando da minha irmã."

Segundo a polícia, ainda não está claro se o ataque teve uma motivação racial - o suspeito é branco.

Na segunda-feira, Cowell foi preso enquanto viajava em outro trem, depois de ser identificado por um informante da polícia. Rojas disse que este foi o ataque "mais cruel" que ele viu em quase 30 anos de trabalho como policial.

Palavras de repúdio

O repúdio ao assassinato foi unânime. Sem dúvida, a manifestação que mais repercutiu nos meios de comunicação e redes sociais foi a da atriz norte-americana Anne Hathaway.

"Era uma mulher negra e foi assassinada a sangue frio por um homem branco", escreveu Hathaway na sua conta do Instagram, que conta com mais de 12 milhões de seguidores.

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"As pessoas brancas, incluindo eu, incluindo você, devemos ter clareza até a medula de nossos ossos privilegiados. A verdade é que TODOS os negros temem por suas vidas DIARIAMENTE na América, e isso vem ocorrendo há GERAÇÕES", escreveu a atriz.

"Devemos (brancos) perguntar-nos a nós mesmos: o quão 'decentes' somos realmente? Não em nossas intenções, mas em nossos atos? Em nossa falta de ação?", questionou a atriz.

Outras artistas de Hollywood, como Reese Witherspoon e Tracee Ellis Ross, também se manifestaram.

https://twitter.com/RWitherspoon/status/1022165010930225152

Meu coração está quebrado pela família e amigos de #NiaWilson ? Digam seu nome. #justiceforNia

https://twitter.com/TraceeEllisRoss/status/1022241567057170432

NIA WILSON // DIGAM O NOME Nossos corpos e nossa humanidade merecem segurança e alegria.

Na segunda-feira, a prefeita de Oakland, Libby Schaaf, comentou o ataque. "O fato de que suas vítimas tenham sido mulheres negras americanas desperta uma dor profunda e um medo palpável em todos nós, que reconhecemos que nosso país continua preso a uma trágica e profunda história de racismo", disse ela.