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Theresa May sobrevive à segunda 'moção de desconfiança' em pouco mais de um mês

16/01/2019 18h02

Por apenas 19 votos de diferença, primeira-ministra britânica derrota a tentativa apresentada pela oposição Trabalhista. Ela deve apresentar um novo plano para o Brexit na segunda-feira (21).

A primeira-ministra britânica Theresa May sobreviveu a mais uma tentativa de derrubada do seu governo. Na tarde desta quarta (16), a Câmara dos Comuns rejeitou uma "moção de desconfiança" contra o governo, por 325 votos a 306.

Parlamentares "rebeldes" do Partido Conservador de May e do DUP votaram pela manutenção do governo de May. Na terça-feira (15), estes mesmos parlamentares foram contra o plano da primeira-ministra para o Brexit, ajudando a construir a maior derrota de um governo britânico da história recente.

O líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, disse que May comandava um governo "zumbi" e que tinha perdido o direito de governar o país. A votação desta tarde foi precedida por seis horas de debates, iniciados às 10h da manhã de hoje (no horário de Brasília).

Os trabalhistas não descartam a possibilidade de apresentar novas "moções de desconfiança" contra o governo de May. Mas o líder trabalhista, Corbyn, agora está sob pressão de parlamentares de seu próprio partido e de outras siglas da oposição a focar na ideia de convocar um novo referendo sobre a saída da União Europeia, ao invés de tentar novamente remover Theresa May do poder.

Após a votação, May disse que "continuaria a trabalhar para cumprir o compromisso solene feito ao povo deste país, de levar a efeito o referendo (de 2016) e sair da União Europeia".

Ela também convidou os líderes de todos os partidos da Casa dos Comuns para reuniões individuais a fim de debater os planos para o Brexit, mas pediu que eles viessem aos encontros com um "espírito construtivo". Estes encontros devem começaram já na noite de hoje.

Os primeiros convites foram para Corbyn e para os líderes do Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês), Liberais Democratas e Plaid Cymru ("O Partido do País de Gales", em tradução livre).

"Nós precisamos encontrar soluções que sejam possíveis de serem negociadas e que obtenham apoio suficiente desta Casa", acrescentou ela.

Corbyn, que apresentou a moção de desconfiança, disse que antes de qualquer "discussão positiva", a primeira-ministra deveria se comprometer em não aceitar uma saída sem acordo da União Europeia.

"O governo precisa rejeitar, com clareza e de uma vez por todas, a possibilidade da catástrofe que seria uma saída sem acordo da União Europeia e todo o caos que viria daí", disse Corbyn aos demais parlamentares.

O porta-voz de Corbyn disse, pouco depois, que a equipe dele tinha conversado com o governo sobre a possibilidade de uma conversa antes da votação desta tarde - que não ocorreu - e que não havia perspectiva de um encontro ainda hoje.

A moção de desconfiança foi apoiada por todos os partidos que fazem oposição ao governo - incluindo o SNP e os Liberais Democratas.

May também reiterou a promessa de voltar à Câmara dos Comuns na segunda-feira (21) para uma nova discussão sobre o Brexit.

"Esta Casa depositou sua confiança no governo", disse ela.

"Eu estou pronta para trabalhar com qualquer membro desta Casa para realizar o Brexit e para garantir que esta Casa continue detendo a confiança do povo britânico", disse May.

Novo referendo

Logo após a votação, o líder do SNP, Ian Blackford, encontrou-se com Theresa May. Ele pediu um "gesto claro de boa vontade" da primeira-ministra, consistindo no aumento do prazo para a saída da União Europeia; na exclusão da possibilidade de uma saída sem acordo e na discussão sobre a possibilidade de convocar um novo referendo.

Blackford também se dirigiu a Corbyn e a outros líderes de oposição. Ao líder trabalhista, pediu que os Trabalhistas adotem a convocação de um novo referendo como sua posição oficial.

"Precisamos de concessões da parte da primeira-ministra, e também de Corbyn, para sair do impasse do Brexit", disse.

O líder dos Liberais Democratas, Vince Cable, disse que seria "tolice não conversar" com o governo, mas concordou com Blackford a respeito da necessidade de se excluir a possibilidade um Brexit sem acordo. Disse também que a primeira-ministra precisa estar "aberta" a discutir um novo referendo - que é a preferência de seu partido.

A ex-líder do Partido Verde, Caroline Lucas, disse no Twitter que "o líder da oposição (Corbyn) estava certo ao tentar derrubar este governo tóxico e falido". "Mas agora que os parlamentares se pronunciaram sobre o (acordo para o) Brexit (proposto por May), é hora de Corbyn escutar o que o povo tem a dizer sobre o futuro da nossa relação com os nossos vizinhos mais próximos".

A líder do Plaid Cymru, Liz Saville Roberts, confirmou que se encontrará com May ainda esta noite. Mas disse que, na opinião do partido, "a única forma de romper o impasse" é com a convocação de um novo referendo.

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