Crise na Venezuela: Maduro rompe relações com a Colômbia e dá 24 horas para que diplomatas saiam do país
Anúncio foi feito na tarde deste sábado durante pronunciamento de mais de uma hora feito em Caracas durante um ato de apoio a seu governo.
*Atualizada às 21h45 do dia 23 de fevereiro.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou neste sábado que seu governo está rompendo relações diplomáticas com a Colômbia e deu 24 horas para que diplomatas colombianos saiam do país.
"Decidi romper todas as relações políticas e diplomáticas com o governo fascista da Colômbia", afirmou durante um pronunciamento de mais de uma hora em um ato de apoio a seu governo em Caracas.
Dadas as tensas relações políticas entre os dois países nos últimos anos, Bogotá não tem um embaixador na Venezuela há mais de um ano.
A Colômbia não reconhece o governo de Maduro, mas o de Juan Guaidó, a quem considera "presidente encarregado".
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Neste sábado, a cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, foi o principal foco das tentativas de entrada de ajuda humanitária promovidas pela oposição.
Desde a noite de sexta-feira, o governo venezuelano anunciou que fecharia suas fronteiras com a Colômbia para impedir o acesso dos comboios. No Brasil, a fronteira foi fechada na noite de quinta-feira e os caminhões com mantimentos estão parados na cidade de Pacaraima, em Roraima.
Há relatos de confronto nessas áreas entre manifestantes e as forças policiais venezuelanas.
Diante de uma multidão neste sábado, Maduro declarou, sobre o presidente colombiano, Iván Duque, que ele "parece ter cachinhos, mas eu diria: 'você é o diabo'. E você vai se arrepender de se meter com a Venezuela".
Ele também criticou o presidente americano. "Tire suas mãos da Venezuela, Donald Trump", disse ele, acusando os Estados Unidos de usarem a ajuda humanitária como subterfúgio para invadir o país.
Ele fez referência ao Brasil no discurso, sem, entretanto, citar nomes de autoridades.
O mandatário afirmou que a Venezuela está disposta, "como sempre esteve", a receber arroz, açúcar, leite em pó e carne do Brasil. "Mas pagando. Não somos maus pagadores. Nem mendigos. Somos gente honrada que trabalha", disse.
"Trazer caminhões com leite em pó??Compro agora e pago agora. Querem trazer carne? Que venham para os mercados populares."
Violência na fronteira
Também neste sábado, manifestantes atacaram com coquetéis molotov uma base do Exército da Venezuela na fronteira com o Brasil, em Pacaraima. Membros da Guarda Nacional reagiram com bombas de gás lacrimogênio.
Em um balanço divulgado no fim do dia, o governo colombiano estimou em 300 o número de feridos nos confrontos no limite entre os dois países.
Imagens do dia mostram manifestantes atirando pedras e pulando barricadas para passar de um lado para outro.
Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional que se autodeclarou presidente da Venezuela há cerca de um mês, esteve na ponte Tienditas, do lado colombiano da fronteira, ao lado do presidente Iván Duque.
"Bem vindos ao lado certo da História", ele disse aos soldados venezuelanos que haviam abandonado seus postos, acrescentando que aqueles que se unissem à oposição teriam anistia garantida.
Pelo menos 60 soldados desertaram até o início da noite de sábado, de acordo com a autoridade migratória da Colômbia. A maioria dos militares, entretanto, segue alinhada com Maduro.
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