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Papa Francisco compara abuso sexual de menores na Igreja a sacrifícios humanos

24/02/2019 13h42

Ao encerrar uma cúpula inédita sobre o tema, o líder da Igreja Católica prometeu levar à Justiça os membros do clero que cometeram ou acobertaram abusos.

O papa Francisco prometeu neste domingo tomar ações concretas para pôr fim ao abuso sexual de menores na Igreja Católica, ao encerrar uma cúpula sobre o tema, em Roma.

O pontífice disse ainda que levará à Justiça membros do clero que tenham cometido esse tipo de crime, que põe em xeque "a autoridade moral e a credibilidade ética" da igreja. Francisco afirmou que esses sacerdotes são "ferramentas de Satanás".

"Isso me recorda uma cruel prática religiosa, em algum momento disseminada por várias culturas, do sacrifício de seres humanos - frequentemente crianças - em ritos pagãos", disse Francisco.

Francisco determinou que os bispos presentes na cúpula revisem e fortaleçam suas dioceses e paróquias para prevenir esses atos. Ele também pediu que os agressores sejam tratados com severidade.

Segundo o correspondente da BBC no Vaticano, James Reynolds, vítimas de abusos pedirão à Igreja Católica detalhes sobre o que será feito para coibir as práticas e punir os abusadores.

"A pessoa consagrada, escolhida por Deus para guiar as almas até a salvação, se deixou subjugar por sua própria doença para se converter numa ferramenta de Satanás. Nos abusos, vemos a mão do mal que não reconhece nem sequer a inocência das crianças", afirmou.

O que ocorreu na cúpula?

A cúpula, que foi inédita, teve como tema a "Proteção dos menores na Igreja". Participaram os presidentes das Conferências Episcopais de 130 países.

Ao longo de quatro dias, discutiu-se como gerenciar os casos de abuso, a criação de um código de conduta para os sacerdotes e a capacitação de pessoas para que saibam identificar um abuso e informar a polícia.

Os líderes das conferências episcopais também ouviram depoimentos das vítimas e relatos de como a igreja acobertou seus casos.

Uma mulher africana disse ter sido forçada a fazer três abortos depois de ser estuprada repetidas vezes por um sacerdote, que se negava a usar métodos contraceptivos. Outra vítima, da Ásia, disse ter sido abusada mais de cem vezes.

Papa sob pressão

Quando virou papa, em 2013, Francisco pediu uma "ação decisiva" sobre o tema, mas muitos críticos de seu pontificado afirmam que ele não fez o suficiente para responsabilizar bispos que teriam acobertado os abusos.

As vítimas têm insistido na necessidade de criar novas regras para a proteção de menores.

O fato é que o papa está sob grande pressão para conduzir soluções viáveis para a crise mais grave enfrentada pelo Vaticano na modernidade - crise que, para muitos, comprometeu a autoridade moral da Igreja Católica.