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Tragédia em Suzano: Polícia diz que 3º jovem participou de planejamento de massacre; veja o que se sabe

13/03/2019 11h19

Ao menos dez pessoas morreram e 11 ficaram feridas quando dois jovens abriram fogo em escola estadual em Suzano, na Grande São Paulo.

O texto foi atualizado às 19h35 de 14/03/19

A Polícia Civil de São Paulo pediu à Justiça a apreensão de um adolescente de 17 anos que, segundo as primeiras investigações, participou do planejamento do ataque perpetrado nesta quarta-feira em Suzano (SP) por outros dois jovens, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25.

Os atiradores tiraram suas vidas e as de mais oito pessoas em uma locadora de veículos e na Escola Estadual Professor Raul Brasil - deixando, assim, 10 mortos, além de 11 feridos e atualmente sob cuidados médicos.

Em coletiva de imprensa, Ruy Ferraz Fontes, delegado-geral da Polícia Civil, afirmou que os investigadores aguardam o aval do juizado da Infância e Juventude para que a detenção deste terceiro participante possa ser efetivada. O representante da corporação evitou dar detalhes sobre a atuação do adolescente, limitando-se a dizer que este é também ex-aluno da escola, como Luiz Henrique e Guilherme - de quem era colega de classe.

Ainda de acordo com Fontes, o ataque foi planejado pelo menos desde novembro de 2018.

Motivação

O delegado-geral da Polícia Civil afirmou que as primeiras horas de investigação indicam que os atiradores foram motivados por questões "pessoais" na busca por reconhecimento em seu grupo.

"Eles não se sentiam reconhecidos e queriam demonstrar que podiam agir como em Columbine (escola americana onde dois alunos mataram 15 pessoas em 1999), com crueldade e um caráter trágico. Isso nós já temos materializado", disse, explicando que a inspiração no caso estrangeiro foi constatada através de pessoas que conviveram com os jovens em Suzano.

Ruy Fontes disse também que "aparecer na mídia" era um objetivo claro dos atiradores brasileiros e que a possível motivação por bullying não parece ser "tão significativa".

Planejamento

Na coletiva, Guilherme, o mais jovem, foi apresentado como o líder da dupla.

A maioria de conversas entre ambos aconteceu pessoalmente - apenas uma pequena parte através da internet, segundo o delegado.

O representante da Polícia Civil disse também que, diferente do que apontaram boatos poucas horas após a tragédia, não há qualquer evidência de que os atiradores planejassem atacar outras escolas.

O carro usado pelos jovens na quarta-feira foi alugado em 21 de fevereiro e pago com um cartão de crédito.

Já parte dos aparatos usados - como uniformes e armas brancas - foi comprada na internet.

O ataque e as vítimas

Antes de entrar na escola, os autores do massacre alvejaram Jorge Antonio Morais, tio de Guilherme dono de uma locadora de carro próxima à escola. Ele foi submetido a uma cirurgia na Santa Casa em Suzano, mas morreu em seguida em decorrência dos ferimentos.

Investigações mostram que Guilherme trabalhou com o tio na locadora dele, mas foi demitido por ter cometido pequenos furtos.

A dupla foi então para a Escola Estadual Raul Brasil, onde entrou através da porta da frente durante a hora do lanche. Na sequência, os jovens, encapuzados, atiraram primeiro contra a coordenadora pedagógica da escola, Marilena Ferreira Umezo, e uma outra funcionária, Eliana Regina de Oliveira Xavier.

Os atiradores se dirigiram então para o pátio, onde balearam e mataram cinco alunos. Na sequência, foram ao centro de línguas, mas estudantes conseguiram se trancar na sala com a professora.

Neste momento, segundo a polícia, os atiradores se suicidaram no corredor.

O Censo Escolar de 2017 aponta que a escola Raul Brasil tem mais de mil alunos, que cursam do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Só havia estudantes do ensino médio no local no momento do ataque.

Segundo a PM-SP, Guilherme e Luiz Henrique usaram um revólver de calibre 38 e tinham "jet loaders", acessórios que auxiliam a recarregar o tambor de um revólver com muito mais rapidez do que é feito manualmente - cápsula por cápsula.

Apesar de a venda de armas ter restrições no país, o acessório pode ser encontrado facilmente em lojas e até mesmo online. Nos anúncios, as peças são oferecidas por cerca de R$ 40.

As primeiras horas após o choque

O agente de trânsito Gilberto Rocha Gusmões, de 40 anos, mora em um prédio ao lado da escola estadual Raul Brasil. De seu apartamento no terceiro andar, ouviu o primeiro tiro às 9h35. O registro de seu celular marca uma ligação para a Polícia Militar um minuto depois.

"Eu desci correndo porque ouvi os gritos dos alunos", diz à BBC News Brasil.Ao entrar na escola por uma porta lateral, encontrou uma mulher morta no chão. Começou a gravar com o celular. "Vi dois alunos no chão, um em cima do outro. Depois encontrei um rapaz com um tiro no queixo. Essa parte da boca estava destruída. Também tinha levado um tiro de raspão na barriga, mas ele estava consciente. Eu o encostei num canto do muro. Depois de um tempo, a ambulância chegou."

A funcionária de um comércio da região, que pediu para não ser identificada, disse que viu um dos jovens entrar correndo em um carro estacionado na porta do lava rápido próximo à escola."Eu pensei que fosse um assalto. Vi o menino correndo e entrando no carro branco e arrancando na direção da escola. Só depois fiquei sabendo o que tinha acontecido", afirmou à reportagem.

O governador João Doria (PSDB) se dirigiu à cidade na quarta-feira para acompanhar o atendimento aos feridos acompanhado pelo secretário de Segurança do Estado, o general João Camilo Pires de Campos.

Doria afirmou a jornalistas no local que ficou muito abalado com o que presenciou na escola. "Antes de tudo, às vítimas, aos pais, aos familiares das crianças, dos funcionários e dos homicidas, a nossa solidariedade. Foi a nossa cena mais triste que já vi na minha vida."

Ele decretou luto de três dias no Estado de São Paulo.

A Secretaria de Saúde de São Paulo enviou dois psiquiatras e um psicólogo para dar apoio no atendimento às famílias e demais envolvidos.

Lista de mortos e feridos

O governo de São Paulo divulgou uma lista com os nomes dos mortos, incluindo os atiradores, e feridos.

Alunos da escola - mortos:

1.Caio Oliveira, 15 anos.

2.Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos.

3.Douglas Murilo Celestino, 16 anos.

4.Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 anos.

5.Samuel Melquiades Silva Oliveira, 16 anos.

Funcionárias da escola - mortas:

6.Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos.

7.Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59 anos.Atiradores - mortos:

8.Guilherme Taucci Monteiro - 17 anos.

9.Luiz Henrique de Castro - 25 anos.

Dono da locadora (tio do Guilherme) - morto

10.Jorge Antonio de Moraes, 51 anos - transferido do PSM de Suzano para o HC/FMUSP onde foi a óbito.

Feridos

1.Adna Isabella Bezerra de Paula, 16 anos

2.Anderson Carrilho de Brito, 15 anos

3.Beatriz Gonçalves Fernandes, 15 anos

4.Guilherme Ramos do Amaral, 14 anos

5.Jenifer da Silva Cavalcante

6.José Vitor Ramos Lemos

7.Leonardo Martinez Santos

8.Leonardo Vinícius Santa Rosa

9.Letícia de Melo Nunes

10.Murillo Gomes Louro Benites

11.Samuel Silva Félix

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