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Theresa May: 6 gráficos para entender o governo da premiê

Lucy Rodgers, Mike Hills e Alison Trowsdale - Equipe de jornalismo visual da BBC News

24/05/2019 17h29

Os altos e baixos da premiê britânica que anunciou renúncia nesta sexta-feira, em meio aos impasses sobre o Brexit.

Em meio ao impasse da saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), a premiê britânica Theresa May anunciou nesta sexta-feira (24/5) que permanecerá no cargo apenas até 7 de junho.

A renúncia levará a uma disputa entre os membros do Partido Conservador para decidir sua sucessão e, consequentemente, os rumos do Brexit.

A BBC preparou seis gráficos que jogam luz sobre o governo May:

1. Seu mandato será um dos mais curtos da história

May tornou-se conhecida por sobreviver politicamente em condições bastante adversas, mas ainda assim terá um dos mandatos mais curtos da história dos premiês britânicos: até 7 de junho, serão 2 anos e 315 dias.

Ela é a segunda premiê mulher da história do país, mas, diferentemente de sua antecessora Margaret Thatcher, que venceu eleições em 1979, a atual governante chegou ao poder depois da renúncia de David Cameron, em 2016. No ano seguinte, ela convocou eleições antecipadas na tentativa de se fortalecer, mas a estratégia fracassou: seu partido, o Conservador, não conseguiu eleger a maioria absoluta do Parlamento, embora tenha se mantido como o maior partido da Casa.

Em dezembro passado, ela sobreviveu a uma moção de desconfiança no Parlamento, mas teve suas propostas de acordo em torno do Brexit rejeitada em três ocasiões diferentes na Câmara dos Comuns.

Seu plano mais recente era publicar nesta sexta (24/5) a lei de retirada do Reino Unido - transformando a saída da UE em legislação -, para ser votada em junho no Parlamento, mas sequer teve apoio para tal entre todos os conservadores ou entre a oposição, principalmente os trabalhistas.

Todas essas turbulências contribuíram para encurtar seu período como premiê.

2. Ela não conquistou os 'corações e mentes' dos eleitores

May teve, em 2016, um breve período de lua de mel com o público britânico. Mas a decisão de convocar eleições antecipadas, em 2017, e o fracasso da estratégia deixaram-na humilhada, com seu partido levando menos assentos no Parlamento do que tinha antes das eleições.

Isso fez com que sua popularidade despencasse, segundo pesquisas de opinião.

A maioria apertada que os conservadores passaram a ter na Casa deixou pouco espaço de manobra para aprovar medidas, sobretudo as relacionadas ao Brexit. E seu período em Downing Street - a sede do governo britânico - acabou sendo dominado por negociações (nem sempre frutíferas) com a União Europeia.

Atualmente, em meio às eleições do Parlamento Europeu, a popularidade de May chegou a seu ponto mais baixo.

3. Equipe foi se desintegrando

A ausência de acordo em torno do Brexit também levou May a perder membros-chave de seu gabinete de ministros, e em pouco tempo. A ponto de seu governo ter registrado, em menos de três anos, mais renúncias de secretários (equivalentes a ministros brasileiros) do que os ex-premiês Tony Blair ou Margaret Thatcher tiveram em mandatos de dez anos.

Essa rotatividade é descrita como "sem precedentes" pela organização Institute for Government.

Em duas ocasiões, dois ministros renunciaram em um intervalo de 24 horas: entre 8 e 9 de julho de 2018, saíram do governo David Davis (então secretário de Brexit) e Boris Johnson, então chanceler. Em 15 de novembro, foi a vez de Dominic Raab (também secretário de Brexit) e Esther McVey (secretária de Trabalho e Previdência) abandonarem o governo.

Todas as demissões estão relacionadas a impasses envolvendo as negociações do Brexit.

4. Ela sofreu diversas derrotas, uma delas esmagadora

Theresa May sofreu derrotas em série na Câmara dos Comuns em torno do Brexit, incluindo a maior derrota da história de um governo britânico.

Em janeiro, os parlamentares rejeitaram, por 432 votos a 202, o acordo proposto por May para a UE. É uma margem de derrota maior do que o recorde anterior mantido pelo governo de minoria do Labour, de Ramsay MacDonald - o primeiro trabalhista a se tornar primeiro-ministro do Reino Unido.

Ele viu três das maiores derrotas da história durante seu breve período no cargo em 1924, com as duas principais ocorrendo em resposta à decisão de seu governo de desistir de um processo criminal contra o editor do jornal comunista Workers Weekly.

A segunda tentativa de May de aprovar o acordo do Brexit, em março, também alcançou o ranking das cinco maiores derrotas depois de ter sido rejeitada na Câmara dos Comuns por uma margem de 149 votos.

5. O Brexit dominou o tempo dela no cargo, mas não o debate dos deputados

Em seu primeiro discurso como premiê, ainda em 2016, May prometeu combater "injustiças ardentes" na sociedade moderna.

Embora o Brexit tenha ofuscado o tempo dela no cargo, uma análise do Instituto de Governo mostra que foram outros os assuntos que consumiram a maior parte do tempo parlamentar no período.

Ela, por exemplo, descartou o congelamento de 1% sobre o pagamento do setor público, incluiu um limite nas contas de energia e apresentou metas de construção de casas, como habitações mais baratas.

Mas, apesar do compromisso, ela não conseguiu reduzir a migração líquida às dezenas de milhares que prometeu, e um demorado "Green Paper" de assistência social - ou seja, uma publicação do governo que detalharia questões específicas e, em seguida, apontaria possíveis linhas de ação em termos de política e legislação nessa área - ainda não foi publicado.

6. Divisões e corrida pelo cargo

May não gozou de muita lealdade dos colegas de gabinete que restaram. Divisões marcaram sua gestão.

Agora que ela anunciou que vai deixar o cargo, haverá uma disputa para escolher o novo líder do partido que, por consequência, será também o novo primeiro-ministro.

Qualquer deputado do partido Conservador vai poder concorrer e o vencedor assumirá sem a necessidade de uma eleição geral.

Até agora, o ex-secretário de Relações Exteriores Boris Johnson, a ex-secretária de Trabalho e Pensões Esther McVey, o ex-secretário do Brexit Dominic Raab, o secretário de Desenvolvimento Internacional Rory Stewart e a ex-líder da Câmara dos Comuns Andrea Leadsom disseram que participarão da disputa.

O secretário para Assuntos Externos, Jeremy Hunt, o secretário do Meio Ambiente, Michael Gove, o secretário para Assuntos Internos, Sajid Javid, e o ex-ministro do Interior, Amber Rudd, entre outros, também deverão concorrer.

O novo primeiro-ministro assumirá até o final de julho.


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