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O que se sabe sobre as explosões de petroleiros no Estreito de Ormuz, que elevam tensões entre EUA e Irã

13/06/2019 18h15

Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, diz que inteligência leva à conclusão de que iranianos estão por trás de ataques ocorridos em uma das regiões mais politicamente sensíveis do mundo.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou nesta quinta (13/6) que o Irã é culpado pela explosões de dois navios petroleiros perto do Estreito de Ormuz, no Oriente Médio, região sensível por ser a via de passagem de um terço do petróleo do mundo.

"Essa avaliação é feita com base em inteligência, no tipo de arma usada, no nível de expertise necessário para executar a operação, em ataques similares do Irã contra embarcações e no fato de que nenhum grupo operando na área tem os recursos e a proficiência para agir com tal grau de sofisticação", afirmou Pompeo, sem, no entanto, detalhar qual informação de inteligência ou prova levou a essa conclusão.

O secretário americano afirmou que os ataques são parte de uma campanha iraniana para escalar as tensões na região e desestabilizar o fluxo de petróleo pelo Estreito de Ormuz. Ele disse ainda ter instruído a representante americana na ONU a levar o tema para discussão no Conselho de Segurança do órgão.

Representantes do governo iraniano, no entanto, negaram à BBC que o país esteja por trás das ações.

Tanto a ONU quanto a União Europeia advertiram que a escalada de tensões faz com que aumentem os riscos de um novo confronto no Oriente Médio.

Além disso, o preço do petróleo subiu em torno de 4,5% em consequência do episódio, informou a Bloomberg.

O que aconteceu perto do Estreito de Ormuz?

Nesta quinta-feira, dois navios petroleiros com carga combustível (metano e etanol) foram alvo de grandes explosões.

Segundo a Autoridade Marítima da Noruega, houve três explosões a bordo do petroleiro Front Altair, de origem norueguesa, que levava etanol do Catar para Taiwan. Ataque semelhante aconteceu no Kokuka Courageous, de origem japonesa, que levava metano da Arábia Saudita a Cingapura.

O Irã, cuja costa forma um dos lados do Estreto de Ormuz, afirma ter resgatado 44 tripulantes das duas embarcações.

O chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o momento dos "supostos ataques" é "suspeito", uma vez que ocorre pouco depois de o premiê japonês, Shinzo Abe, ter visitado o Irã em um esforço para estimular o diálogo entre EUA e Irã.

Imagens dos navios mostram um grande volume de fumaça negra e chamas, mas as operadoras das embarcações afirmam que elas não afundaram.

A Quinta Frota da Marinha americana, que fica baseada no vizinho Bahrein, confirmou ter recebido dois pedidos de socorros das embarcações.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou as explosões, afirmando que o mundo não seria capaz de arcar com "um grande confronto na região do Golfo."

O que se sabe sobre as explosões?

Há poucas informações sobre o que causou as explosões.

Wu I-fang, porta-voz da refinaria de petróleo taiwanesa CPC Corp, que contratou o petroleiro Front Altair, afirmou que havia suspeitas de que a embarcação teria sido "atingida por um torpedo", o que ainda não foi confirmado.

Outra possibilidade é que uma mina explosiva tenha atingido o casco. Uma fonte ouvida pela agência Reuters afirma que o mesmo tipo de explosivo pode ter sido usado para atacar o Kokuka Courageous.

Por que é um tema tão sensível?

O episódio eleva as tensões em uma rota marítima vital, por onde passam 30% do petróleo usado no mundo, cargas que custam centenas de milhões de dólares e são cruciais para o funcionamento de diversas economias globais.

Por isso, qualquer coisa que aconteça por ali se reflete no preço da gasolina e na economia do mundo todo.

Essas tensões aumentaram significativamente após quatro petroleiros terem sido danificados por minas nas águas dos Emirados Árabes Unidos, no dia 12 de maio.

Os Emirados culparam um "ator estatal" não identificado. Os EUA disseram que o "ator" era o Irã, uma acusação que Teerã negou.

Embora não esteja claro por que o Irã realizaria um ataque de nível relativamente baixo contra os petroleiros multinacionais, os observadores internacionais pontuam que poderia ter sido para enviar um sinal de que o país é capaz de interromper o transporte na área sem provocar uma guerra.

"(O episódio) é um estágio para um conflito maior entre Irã e EUA", avaliou, em entrevista ao Washington Post, Ali Vaez, analista de temas iranianos na organização International Crisis Group.

"Se o Irã estiver por trás (das explosões), trata-se de um sinal claro de que a política de pressão máxima imposta pelo governo de Donald Trump está tornando o Irã mais agressivo, e não menos. Se o Irã não estiver por trás disso, então fica claro que algum outro ator na região pode estar tentando fabricar (um gatilho para conflito)."

Trump tem mantido uma postura mais linha dura contra o Irã - a quem chama de força desestabilizadora no Oriente Médio - do que seu antecessor, Barack Obama.

O governo iraniano, por sua vez, rejeita as acusações e critica os EUA por um "comportamento agressivo".


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